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    Quatro em cada dez consumidores compram óculos pirateados

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    20/04/2015 02h00

    Quatro em cada dez consumidores compram produtos óticos, como óculos de sol, de grau e armações, pirateados ou contrabandeados.

    O dado consta de estudo da Abiótica (Associação Brasileira da Indústria Óptica), que reúne fabricantes, importadores e varejistas do setor, feito pela consultoria GS&M Gouvêa de Souza.

    No ano passado, o faturamento do setor foi de R$ 23,1 bilhões, incremento de 3% em relação a 2013. Mas, desse total, quase metade ficou no mercado informal.

    A maior parte dos óculos de sol, de grau e armações irregulares tem origem chinesa e é vendida por camelôs e boxes em áreas de comércio popular, principalmente na região Sudeste, que concentra 57% do consumo.

    Na última quarta (15), uma operação da Receita Federal recolheu ao redor de 1 milhão de unidades na região da 25 de Março -a maior apreensão já feita na cidade, de acordo com os fiscais.

    Receita Federal/Divulgação
    Receita Federal apreende 1 milhão de óculos de sol e de grau pirateados ou contrabandeados na região da 25 de Março, em São Paulo
    Receita Federal apreende 1 milhão de óculos de sol e de grau pirateados ou contrabandeados na região da 25 de Março, em São Paulo

    RISCO À SAÚDE

    Batizada de operação "Blind" (cego em inglês, em referência aos danos que o uso de produtos desse tipo podem provocar à saúde), a ação contou com 20 fiscais e 18 carregadores, que, além de óculos de sol e de grau, encontraram produtos infantis. Nos 35 boxes fiscalizados também havia etiquetas de marcas famosas que eram coladas nos óculos falsificados. Parte deles não tinha documento para comprovar a importação regular.

    Em oito anos, 80 milhões de óculos ilegais foram recolhidos do mercado, e 30 milhões deles destruídos, segundo a Abióptica. O setor estima que só no ano passado, com a venda dos itens ilegais, houve perda de arrecadação de impostos de R$ 4 bilhões.

    "Além dos danos à economia, há sérios riscos à saúde. O consumidor esquece que esses itens não são testados. Aparentemente se assemelham aos originais, mas não têm proteção a raios ultravioleta", diz Bento Alcoforado, presidente da associação.

    A diferença entre o original e o falsificado pode ser verificada na textura dos materiais e na qualidade das lentes -em vez de fabricadas com resina, por exemplo, muitas vezes são feita de plástico de qualidade inferior.

    "Quando adulto ou criança usam um óculos escuro, a pupila dilata e os raios UVA e UVB atingem a camada da retina (que é a da visão). Sem a lente adequada, os raios não são filtrados", diz. "Como não sente dor, a pessoa vai usando o produto. Mas o resultado pode ser uma catarata a médio prazo e até danos irreversíveis à visão."

    Leia reportagem multimídia sobre contrabando

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