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    Após afetar balanço, Lava Jato traz incerteza para produção do pré-sal

    SAMANTHA LIMA
    LUCAS VETTORAZZO
    DE DO RIO

    22/04/2015 02h00

    O cálculo das perdas com corrupção que deve ser apresentado nesta quarta (22) pela Petrobras em seu balanço de 2014 encerra a novela contábil, mas efeitos econômicos da Operação Lava Jato continuarão rondando a companhia.

    Dois dos grupos atingidos pela investigação, Schahin e Queiroz Galvão, têm participação em todas as cinco plataformas que extraem, hoje, mais de 600 mil barris por dia do pré-sal da bacia de Santos –quase um quarto da produção total da estatal.

    A Schahin, que pediu recuperação judicial, é responsável, junto com a sócia japonesa Modec, pela operação de três dessas plataformas, com capacidade de produção de 370 mil barris por dia.

    Outros 240 mil barris vêm de duas plataformas da Queiroz Galvão, em parceria com a SBM –a holandesa que, segundo a Petrobras, pagou propina em caso descoberto antes da Lava Jato.

    Na bacia de Santos estão reservas de pré-sal que sustentam as esperanças da Petrobras de dobrar a produção para 4,2 milhões de barris até 2020. A estatal precisa desenvolver essa área para compensar o declínio da produção dos campos maduros da bacia de Campos.

    Oficialmente, ainda não há impacto na extração de óleo.

    A Queiroz Galvão diz que os contratos de plataformas "estão sendo cumpridos regularmente" e que os respectivos pagamentos "têm sido efetuados por nossos clientes conforme estabelecido nas cláusulas contratuais".

    Schahin e SBM não quiseram comentar. Na Modec, ninguém foi localizado.

    Editoria de arte/Folhapress

    SONDA PARADA

    Pelo menos uma das cinco sondas da Schahin que perfuravam poços exploratórios da Petrobras e estão sendo paralisadas estava no pré-sal, no campo de Búzios.

    A sonda faz o trabalho de perfuração de poços, anterior, portanto à produção, feita pelas plataformas.

    A Petrobras afirma que a paralisação "não irá impactar as metas de produção e exploração deste ano".

    Os grupos Queiroz Galvão e Schahin fazem parte da lista de 23 empresas com as quais a Petrobras parou de fechar novos negócios, devido às denúncias da Lava Jato.

    Além das plataformas em operação, Schahin/Modec e Queiroz Galvão/SBM têm, cada, duas encomendas de novas plataformas, com valor médio de US$ 2 bilhões cada.

    No mercado, avalia-se que a Queiroz Galvão é u mais sólida e com menos chance de "quebrar". Mas teme-se que a crise financeira se aprofunde com suspensão de contratos e atraso em pagamentos.

    A Folha apurou que Modec e SBM planejam assumir as fatias deixadas pelos sócios, caso haja dificuldades. Este é um dos motivos pelos quais a SBM corre para fechar acordo de leniência com a CGU.

    FUTURO AMEAÇADO

    Há também problemas com plataformas encomendadas para o pré-sal. Em fevereiro, a Queiroz Galvão pediu a revisão de valores e prazos para construção de módulos de duas dessas unidades, ameaçando parar.

    Em janeiro, a estatal lançou licitação para módulos de outras seis unidades, que estavam com o estaleiro Iesa, outra das 23 empresas envolvidas na Operação Lava Jato.

    Em 2010, a Engevix, também da lista dos 23, comprometeu-se a construir cascos de oito plataformas, até 2017. A empresa nega atraso e diz que seu prazo é 2018.

    A Petrobras não respondeu sobre o resultado e os impactos da relicitação das encomendas ao Iesa, mas disse que está "em dia com suas obrigações contratuais".

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