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    Petrobras suspende pagamento de dividendo para preservar caixa

    TONI SCIARRETTA
    JOANA CUNHA
    GIULIANA VALLONE
    DE SÃO PAULO
    DE NOVA YORK

    23/04/2015 02h00

    Com prejuízo contabilizado de R$ 21,6 bilhões em 2014, a Petrobras decidiu suspender o pagamento de dividendos para os acionistas, sendo o principal deles o governo federal. O dividendo é uma parte do lucro que a empresa distribui aos seus acionistas.

    Será a primeira vez desde 1992, ano do impeachment do presidente Collor, que a Petrobras não pagará dividendos.

    A decisão, comunicada nesta quarta (22), tem como objetivo reduzir a previsão de despesas para este ano, colaborando para manter o caixa da no azul ao longo de 2015.

    "Dividendos não serão pagos. Simplesmente não vamos pagar", disse o presidente da estatal, Aldemir Bendine.

    Em 2014, a estatal pagou R$ 8,7 bilhões em dividendos, referentes à distribuição de lucros do ano anterior.

    A estatal rendeu ao acionista ordinário (com voto) 3,34% por papel em 2014, ante 1,41% em 2013, segundo a consultoria Economatica. Já os preferencialistas (sem voto) tiveram ganho de 5,8% em 2014, após ter obtido 3,98% no ano anterior.

    O ex-diretor de Finanças da estatal Almir Barbassa já havia sinalizado em janeiro passado que o dividendo poderia ser suspenso em caso de "estresse financeiro".

    O atual diretor financeiro, Ivan Monteiro, disse que a decisão de não distribuir dividendos foi tomada para preservar o caixa da companhia. A companhia tem US$ 25,6 bilhões em caixa.

    REPERCUSSÃO

    Para Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Corretora, o balanço não foi capaz de sanar todas as questões pendentes na contabilidade. "Várias respostas não estão lá. Como está o endividamento no quarto trimestre?"

    "A publicação dos resultados auditados é o passo mais importante para a Petrobras, já que vai dissipar os riscos de aceleração da dívida e evitar novos rebaixamentos da companhia pelas agências Standard & Poor's e Fitch", afirmou o analista de renda fixa do BBVA, Jose Bernal.

    Para ele, no entanto, o legado deixado pela Operação Lava Jato vai permanecer. "Precisamos separar a antiga Petrobras [antes das revelações de corrupção] da nova Petrobras", disse.

    Segundo Bernal, após a publicação do balanço, a estatal deve conseguir voltar a captar recursos no exterior. O custo dessas captações, no entanto, será maior.

    PROCESSO NOS EUA

    O advogado Jeremy Lieberman, à frente da ação coletiva contra a Petrobras nos EUA, afirmou que a divulgação dos resultados pode ajudar o processo, pois aumenta a clareza sobre o que aconteceu na companhia.

    Os números não ajudam, porém, a calcular o valor de uma possível indenização aos investidores, caso vençam a ação. O processo deve levar de dois a três anos para ser concluído; a maior parte desses casos termina em acordo.

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