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    Redução da conta de luz deixou rombo de R$ 4,5 bi para Petrobras

    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO
    SAMANTHA LIMA
    DO RIO

    25/04/2015 02h00

    A redução da conta de luz promovida pelo governo Dilma prejudicou as contas da Petrobras quase tanto quanto a corrupção. A estatal foi obrigada a reconhecer no seu balanço que pode não receber R$ 4,5 bilhões devidos pelo setor elétrico.

    A perda –equivalente a 70% dos R$ 6,2 bilhões desviados segundo a Operação Lava Jato é uma das responsáveis pelo prejuízo da empresa no ano passado, o primeiro desde 1991.

    A Petrobras fornece óleo e gás para que as usinas termelétricas da Eletrobras abasteçam o Norte do país. Depois das mudanças feitas por Dilma no setor elétrico, a Eletrobras ficou sem dinheiro para pagar a Petrobras.

    Petrobras e Eletrobras não deram entrevista.

    Nas notas explicativas do balanço divulgado na quarta-feira (22), a Petrobras diz que tem a receber R$ 12,8 bilhões das empresas do setor elétrico –R$ 7,9 bilhão da Eletrobras, R$ 3,8 bilhões da Cigás (distribuidora de gás do Amazonas) e R$ 1,1 bilhão de produtores independentes.

    A Cigás informou à reportagem que atua só como distribuidora do gás, que é consumido pela Eletrobras Amazonas. Para a Cigás, essa dívida também é da Eletrobras.

    Assim, a dívida da Eletrobras com a Petrobras sobe para R$ 11,7 bilhões, acima dos R$ 8,6 bilhões que a estatal do setor elétrico se comprometeu a pagar para a petroleira no fim do ano passado.

    Segundo apurou a Folha, a Petrobras está pleiteando receber os R$ 4,5 bilhões restantes da Eletrobras e das demais empresas envolvidas, mas teve que fazer a provisão de perda porque parte do débito já está vencido.

    A origem do problema está nos subsídios que a Eletrobras recebe para não onerar os consumidores da região Norte, que são abastecidos com energia mais cara das termelétricas.

    Em 2013, ao reduzir o preço da energia, Dilma decidiu que esse subsídio não seria mais cobrado dos brasileiros na conta de luz, mas pago pelo Tesouro. Não deu certo.

    O Tesouro ficou sem recursos e interrompeu os repasses para a Eletrobras, que, por sua vez, não pagou a Petrobras. A petroleira não poderia cortar o fornecimento de gás e óleo, porque deixaria o norte do país às escuras.

    Em novembro do ano passado, o governo reajustou as tarifas de energia e transferiu a responsabilidade novamente para os consumidores.

    Com a medida, a Petrobras diz no balanço que espera que a situação se normalize a partir deste mês.

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