• Mercado

    Saturday, 04-May-2024 19:03:01 -03

    Em meio à crise, feira Agrishow projeta estagnação em 2015

    MARCELO TOLEDO
    DE RIBEIRÃO PRETO

    27/04/2015 10h00

    O agronegócio, setor que vem contribuindo para evitar um PIB (Produto Interno Bruto) ainda pior, deve sofrer estagnação neste ano. Essa é a projeção do mercado ao avaliar perspectivas de negócios da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), considerada um "termômetro" da agropecuária brasileira.

    O evento começa nesta segunda-feira (27) e termina na sexta (1º), em Ribeirão Preto.

    A previsão é que os negócios alcancem R$ 2,7 bilhões, mesmo valor do ano passado. Se a expectativa se confirmar, será a primeira vez na década atual que uma edição da feira não supera o volume de vendas da anterior.

    Taxa de juros, dólar alto e escassez de recursos de produtores são apontados como os vilões, e empresas como Massey Ferguson e Valtra projetam queda nos negócios para este ano.

    "No primeiro trimestre do ano, tivemos queda de 15% nas vendas de tratores. Em colheitadeiras, foi de 42% em relação ao mesmo período de 2014", disse Carlito Eckert, diretor comercial da Massey.

    Segundo ele, os cenários macroeconômico e político prejudicaram o setor, que teve boa demanda nos últimos cinco anos.

    Em 2010, o faturamento da Agrishow alcançou R$ 1,15 bilhão, montante que subiu para R$ 1,4 bilhão no ano seguinte. Em 2012, saltou para R$ 2 bilhões e, em 2013, para R$ 2,6 bilhões.

    Para Márcio Leão, diretor comercial das indústrias Dria e TMA, fabricante de máquinas para lavouras de cana, a feira já "será um sucesso" se repetir o desempenho do ano passado.

    "Principalmente devido à crise do setor sucroenergético. As taxas do Finame e do Moderfrota [linhas de financiamentos] subiram e estamos com um pé no chão."

    Apesar do pessimismo, a Agrishow é vista como esperança para o setor.

    "Estamos prevendo queda neste ano, mas o importante vai ser a Agrishow. Ela mostrará como vai se comportar a indústria ao longo do ano", disse Jak Torretta, diretor de produtos da multinacional AGCO, em referência à marca Valtra, de máquinas para colheita de cana.

    Com 800 expositores e previsão de receber 160 mil visitantes, a feira não terá neste ano um setor voltado a caminhões, devido à concorrência com um evento setorial e às condições de financiamento, que sofreram mudanças, segundo José Danghesi, diretor da feira agrícola.

    Vice-presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) –uma das organizadoras–, Francisco Matturro disse temer cortes em linhas de financiamento num momento em que as compras de insumos já ficarão mais caras. "O dólar preocupa, pois 78% dos insumos são importados", afirmou.

    Em meio ao ceticismo, Marco Antonio Martins, superintendente da KBM Equipamentos Agrícolas, projeta crescimento para 2015.

    "[A alta dos juros] É preocupante, pois 85% das nossas vendas são viabilizadas por financiamentos. Mesmo com incertezas, esperamos vender 30% a mais na Agrishow", disse.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024