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    Caixa reduz para 50% valor máximo do financiamento de imóvel usado

    TONI SCIARRETTA
    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    27/04/2015 16h04

    A Caixa Econômica Federal, responsável por 70% do crédito imobiliário no país, decidiu reduzir de 80% para 50% o valor máximo do financiamento dos imóveis usados de até R$ 750 mil com os recursos da poupança.

    A mudança, que vale a partir da próxima segunda (4), ocorre em meio a forte saída de dinheiro da poupança (os saques superaram os depósitos em R$ 23 bilhões de janeiro a março), principal fonte de financiamento do setor.

    A alteração exigirá um valor maior de entrada nos financiamentos de imóveis usados, beneficiando diretamente as construtoras e incorporadoras, que estão com estoque elevado de imóveis encalhados. O setor responde por 5% do PIB, segundo o Sinduscon-SP (sindicato da construção).

    Para os imóveis acima de R$ 750 mil, que não têm o dinheiro carimbado da poupança, a Caixa reduziu o valor máximo de financiamento de 70% para 40%.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Além de estimular a construção civil, a mudança tem o potencial de diminuir o ritmo de venda e até os preços dos imóveis usados no país, principalmente se a Caixa for seguida pelos demais bancos.

    Segundo especialistas, o financiamento de usados poderá virar um nicho de maior atuação dos bancos privados, que, sem a concorrência da Caixa, poderão trabalhar com taxas e margens ligeiramente maiores de ganho.

    Questionados pela Folha, só o Bradesco informou que as condições seguirão as mesmas (80% de financiamento máximo). O Santander informou que, até o momento, o limite será de 80%. Itaú e BB não se manifestaram.

    NOVOS X USADOS

    O segmento de usados sempre predominou no crédito imobiliário no país. No ano passado, do total de R$ 112,9 bilhões de financiamentos concedidos com dinheiro da poupança, 72,2% foram destinados a imóveis usados e 27,8% para a construção.

    De janeiro a março deste ano, os imóveis novos só levaram 23,2% dos R$ 24,1 bilhões concedidos para a casa própria. O desempenho de março, que será divulgado nesta semana, mostrará uma retração de 4,6% no volume de empréstimos concedidos.

    Para Eduardo Zaidan, vice-presidente do Sinduscon, a restrição da concessão de crédito terá impacto generalizado no mercado de imóveis novos e usados.

    MERCADO TRAVADO

    "Primeiro, a medida vai tirar a liquidez do mercado de usados. Se eu tenho mais dificuldade para vender o meu velho, vou ter menos dinheiro para comprar um novo."

    "O mercado de usados vai travar. O comprador do novo não conseguirá fechar o negócio com a construtora sem vender o imóvel antigo", disse Celso Amaral Neto, da Amaral d'Avila Avaliações.

    Flávio Prando, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação), negou que o setor tenha feito lobby pela medida. "Vai afetar a todos. Para quem tem recursos, será um bom momento para a compra de usados", disse.

    ENTENDA O QUE MUDA

    Sistema Financeiro de Habitação

    O Sistema Financeiro de Habitação regula a maioria dos financiamentos imobiliários no Brasil e usa recursos do FGTS ou da poupança.

    A mudança da Caixa vale apenas para financiamentos com recursos da poupança. O limite que o consumidor pode parcelar vai cair dos atuais 80% para 50% do valor total do imóvel usado. O restante do valor deverá ser pago como entrada.

    Para financiamentos usando recursos do FGTS, as regras não mudam.

    O SFH envolve operações com imóveis de até R$ 750 mil em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal; nos demais Estados, o valor é de até R$ 650 mil.

    Sistema Financeiro Imobiliário

    O Sistema Financeiro Imobiliário rege as operações que não se enquadram no Sistema Financeiro de Habitação.

    Para essas operações, a Caixa irá reduzir o limite de parcelamento de 70% para 40% do valor total do imóvel usado.

    Minha Casa, Minha Vida

    As regras não mudam para os financiamentos de imóveis pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

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