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    Sem contrapartida para obra, Dilma inaugura fábrica em Pernambuco

    PATRÍCIA BRITTO
    ENVIADA ESPECIAL A GOIANA (PE)

    28/04/2015 11h29

    Sem ter cumprido uma das contrapartidas de responsabilidade do governo federal, a presidente Dilma Rousseff volta nesta terça-feira (28) a Pernambuco para participar da inauguração do polo automotivo da Jeep em Goiana (PE), município a 66 km do Recife.

    Estratégico para escoar a produção da nova fábrica, o Arco Metropolitano do Recife ainda não saiu do papel. Até o final de 2013, a obra estava orçada em R$ 1,2 bilhão. Há expectativa de que a presidente anuncie nesta terça nova licitação para a obra.

    O anel viário de 77 km que ligaria a fábrica, no norte do Estado, ao porto de Suape, no litoral sul, seria feito pelo governo do Estado, mas o governo federal assumiu a responsabilidade em 2013. No ano passado, contudo, suspendeu a licitação por problemas com o licenciamento ambiental.

    Desde 2012, quando a unidade da Jeep –de R$ 7 bilhões– começou a ser construída na zona da mata norte pernambucana, a fábrica virou alvo de disputa de "paternidade" entre governo federal e estadual, este comandado pelo PSB.

    Na campanha eleitoral do ano passado, Dilma visitou as obras ao lado do ex-presidente Lula, cujo governo concedeu incentivos fiscais para indústrias automotivas se instalarem no Nordeste.

    Já o governo estadual gastou, em contrapartida, R$ 97 milhões para fazer a terraplanagem da área e concedeu crédito presumido de 95% do ICMS à empresa.

    Questionado sobre o motivo de a obra não ter sido realizada em tempo da inauguração da fábrica, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes se limitou a afirmar que o diretor geral do órgão, Adailton Dias, recebeu na segunda-feira (27) a licença prévia para um dos lotes do Arco Metropolitano.

    Segundo o órgão, este é o primeiro passo para lançamento do edital de licitação para contratar a empresa que fará o projeto executivo e execução das obras, que ainda não tem data definida.

    Procurado, o Ministério dos Transportes não falou sobre o assunto.

    POPULARIDADE

    Em meio à crise política, econômica e baixa popularidade, o discurso no evento desta terça (28) deve ser o último da presidente antes do Dia do Trabalhador, quando pela primeira vez Dilma não fará pronunciamento em rede nacional de televisão, temendo um novo panelaço.

    Em fevereiro, diante do escândalo de corrupção na Petrobras e da piora das expectativas sobre a economia, a popularidade da petista despencou.

    Desde então, a aprovação de seu governo se manteve em baixa e Dilma foi alvo de panelaços e protestos com pedidos de impeachment.

    Segundo pesquisa Datafolha realizada no início do mês, 13% dos entrevistados consideram o atual governo bom ou ótimo. Para outros 60%, a administração é ruim ou péssima.

    A mesma pesquisa mostrou que 63% dos brasileiros são favoráveis à abertura de processo de impeachment contra a presidente.

    CRISE

    A inauguração da planta ocorre num momento de desaquecimento da economia brasileira, que atinge também o setor automotivo, que vem tendo resultados ruins desde o ano passado.

    Em 2014, a venda de carros caiu 7,1%, registrando o pior desempenho em 12 anos. Já a produção teve retração de 15,3%, e a indústria automotiva demitiu 12,3 mil pessoas.

    No primeiro bimestre de 2015, houve queda de 23,1% no total de vendas de veículos em relação a igual período no ano passado.

    A estimativa da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) para este ano é de queda de 10% nas vendas de carros zero quilômetro.

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