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    Sem dinheiro do BNDES, Sete Brasil busca novos sócios na Ásia

    DAVID FRIEDLANDER
    JULIO WIZIACK
    DE SÃO PAULO

    29/04/2015 02h00

    Um grupo de acionistas e executivos da Sete Brasil, a maior parceira da Petrobras no pré-sal, está na Ásia negociando novas fontes de recursos para salvar a empresa.

    Endividada, a Sete enfrenta dificuldades para conseguir US$ 9 bilhões que esperava receber do BNDES.

    Os representantes da Sete estavam nesta terça (28) em Cingapura e vão também para China e outros países fortes na construção naval.

    As conversas acontecem com estaleiros da região, mas também envolvem fundos de investimento e bancos.

    A intenção é convencer os estaleiros asiáticos a se tornarem sócios e colocarem dinheiro novo na companhia. Isso ajudaria também a levantar financiamentos na Ásia.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Se prosperarem, essas negociações podem causar uma reviravolta no plano original da Sete, que tinha como uma de suas justificativas reativar a indústria naval brasileira.

    Hoje, os asiáticos são parceiros minoritários dos estaleiros brasileiros contratados pela Sete para construir as sondas de exploração de petróleo para a Petrobras, uma das sócias da empresa.

    Em nome do projeto da presidente Dilma Rousseff de fortalecer a indústria nacional, a Petrobras até aceitou pagar pelas sondas brasileiras mais do que elas custariam se viessem da Ásia.

    Agora, o projeto foi submetido a uma reengenharia para definir não só o futuro da Sete como o seu tamanho.

    A Sete não confirmou as negociações na Ásia. Por meio de sua assessoria, a empresa disse que "tem atuado prioritariamente, e em várias frentes, para a contratação de linhas de crédito de longo prazo que possibilitem a continuidade do projeto, mesmo que sob um modelo de negócios compatível com a atual realidade do mercado".

    CRISE

    Criada em 2010 para construir 29 sondas que a Petrobras usaria no pré-sal, a Sete poderá, diante do novo cenário, reduzir o número de equipamentos. Cada sócio tem uma conta na cabeça, mas, nos últimos dias, as projeções convergiam para 15 unidades.

    A empresa entrou em crise financeira por causa da demora do BNDES em liberar diretamente para a Sete os US$ 9 bilhões que havia prometido no lançamento do projeto. Sem dinheiro, a companhia atrasou pagamentos a estaleiros e bancos credores.

    A situação piorou depois que a empresa foi envolvida no escândalo de corrupção da Petrobras. Para evitar contágio, o BNDES até aceitou liberar o dinheiro, mas por meio de bancos que já são credores da Sete.

    Essas instituições, que estão com R$ 12 bilhões pendurados desde o começo do ano na companhia, não querem assumir o risco de perder mais dinheiro. Por isso, elas deram prazo de três meses para que a Sete encontre uma solução e pague a conta.

    Caso contrário, ameaçam executar a dívida, o que quebraria a companhia. O prazo vence no início de julho.

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