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    Vale tem prejuízo de R$ 9,5 bi no 1º trimestre por câmbio e minério

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    30/04/2015 07h04

    A alta do dólar e a contínua queda do preço do minério de ferro fizeram com que a Vale registrasse prejuízo líquido de R$ 9,538 bilhões no primeiro trimestre deste ano. Nos três primeiros meses do ano passado, houve lucro de R$ 5,909 bilhões.

    Ainda que a mineradora tenha tido lucro ao final de 2014 –de R$ 954 milhões–, a companhia completou, ao final de março passado, três trimestres consecutivos de prejuízo.

    O preço do produto que é a principal fonte de receita para a Vale, o minério de ferro, está em trajetória de queda desde o ano passado em razçao da desaceleração da atividade econômica da China, maior consumidora do insumo do mundo, e da demora na recuperação da economia dos países desenvolvidos.

    A chamada "sobreoferta" mundial de minério, principal matéria prima do aço, deixa as mineradoras com estoques altos e pressiona o preço para baixo.

    O preço do minério vendido pela companhia brasileira no primeiro trimestre deste ano foi de US$ 46,01 a tonelada, o que representou uma queda de 51,5% em relação ao que era vendido um ano antes, nos três primeiros meses do ano passado, quando o valor estava em US$ 94,79%. Em comparação com o preço do último trimestre do ano passado, o valor recuou 25,3%.

    O cenário de baixa fez com que a receita líquida da companhia fechasse os três primeiros meses do ano em R$ 18 bilhões, em queda de 19,5% na comparação entre o primeiro trimestre deste ano com igual período do ano passado.

    Além do minério, a Vale comercializa também níquel, carvão, cobre, manganês e fertilizantes. Segundo a mineradora, a baixa das commodities em geral –não é só o minério de ferro que está em baixa, mas diversos produtos que dependem da atividade econômica mundial, como petróleo– fez com que a receita da Vale sofresse um impacto de R$ 3,9 bilhões.

    DÓLAR

    O câmbio atinge negativamente o balanço da empresa porque suas dívidas são em dólares. A aceleração da moeda americana encarece o custo de seus financiamentos. A dívida líquida da Vale atingiu US$ 24,802 bilhões, alta de 7% em relação ao apurado em igual período do ano passado.

    Em teleconferência com analistas do mercado financeiro na manhã desta quinta-feira (30), o presidente da Vale, Murilo Ferreira, destacou que a despeito do encarecimento da dívida, a alta do dólar ajuda na redução dos custos da companhia.

    A maior parte dos custos de operação da Vale são em reais enquanto suas receitas são em dólares. Isso faz com que uma alta da moeda americana beneficie a empresa no momento em que ela converte suas receitas em real para cobrir os gastos de suas operações no Brasil.

    "A imprensa gosta de destacar as variações monetárias, mas eu queria poder ter mais variações como essa porque a depreciação da moeda [brasileira] faz com que nossos custos sejam cada vez mais competitivos", afirmou o executivo.

    CAIXA E INVESTIMENTOS

    O problemas, portanto, de alta do dólar e baixa cotação do minério fizeram a empresa reportar um Ebitida, importante indicador de geração de caixa, de R$ 4,6 bilhões no primeiro trimestre do ano, o que representou uma queda de 51,6% em relação a período equivalente do ano anterior.

    Para fazer frente ao que Ferreira chamou de "cenário desafiador", a Vale está empreendendo um plano de desinvestimentos, que significa a venda de projetos ou participações em projetos não considerados essenciais para a companhia. Ou seja, que não estejam relacionados a atividade fim da empresa, que é minério de ferro.

    Segundo Ferreira, a empresa irá incluir novos ativos à lista dos que já estão a venda e até o final de junho a companhia espera fazer o anúncio de operações nesse sentido. No início desse mês, por exemplo, a Vale vendeu sua participação na usina de Belo Monte para a Cemig por R$ 305 milhões. A empresa também vendeu uma participação de uma mina de ouro no Pará.

    Só no primeiro trimestre, a empresa arrecadou US$ 1 bilhão com venda de ativos. Há a expectativa que a empresa venda parte de sua frota de navios, ativos de bauxita e participações em mineradoras menores.

    "Temos novos ativos a considerar. Esperamos anunciar no final desse trimestre, ou no máximo até o final de junho, transações importantes. Sim, estamos incluindo algo que não estava previsto", afirmou Ferreira.

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