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    Casa do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira terá lance inicial de R$ 118 mi

    BELA MEGALE
    DE SÃO PAULO

    02/05/2015 02h00

    Sem moradores desde janeiro de 2011, a casa do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, do falido Banco Santos, nunca esteve tão perto de ter um novo dono.

    Segundo a petição para realização do leilão do imóvel, protocolada na semana retrasada, as regras e a data para o pregão devem ser definidas em cerca de 30 dias.

    Com o valor inicial de R$ 118 milhões, incluindo 12 obras de arte e móveis que não poderão ser removidos, o local já foi sondado por quem acredita ter uma conta bancária à altura da oferta.

    Em março, o empresário do ramo editorial Jorge Yunes, famoso pelas conexões com políticos e pela sua coleção de obras de arte, passou duas horas e meia circulando pela casa.

    Durante a visita, disse que a ideia era comprá-la para a filha, também colecionadora. No entanto, a amigos próximos ele confidenciou que gostaria de transformá-la em um clube fechado, voltado à elite de ascendência árabe.

    Mas se a ordem de chegada fizer diferença, Joesley Batista, sócio e presidente da J&F, proprietária de uma das maiores empresas de carne do mundo, a JBS, terá preferência. Ele foi um dos primeiros a visitar a casa, há cerca de três anos, quando buscava um imóvel para morar com a mulher, a apresentadora Ticiana Villas Boas.

    O principal entrave na negociação foi a impossibilidade de comprá-la. Na época, só era possível alugar o imóvel, o que desanimou o empresário –apesar de Ticiana ter se encantando com a prataria e os copos de cristal russos lapidados à mão, segundo uma testemunha que acompanhou a visita.

    No início deste ano, outro Batista entrou na disputa. Felipe Batista, que não tem relação com a família de Joesley, se apresenta como presidente-executivo e proprietário de uma corretora de valores que leva seu sobrenome, a Batista Corp. Nos contatos que fez para se informar sobre a negociação, adiantou a intenção de transformar o espaço em museu.

    Procurado, Felipe Batista disse que não pretende comprar a casa. Ticiana, por meio de sua assessoria, também negou interesse na aquisição.

    A mulher de Yunes, Ivani Yunes, confirmou que o marido visitou a casa, mas disse que não vai comprá-la. "Talvez ele tenha ido ver as obras de arte porque somos colecionadores", afirmou.

    Entre as apostas dos funcionários contratados para cuidar do imóvel, há mais dois interessados: um pastor evangélico e um cantor sertanejo, mas os nomes são guardados a sete chaves.

    Outros olheiros também apareceram na casa há duas semanas. Representantes da Christie's e da Sotheby's vieram dos EUA e Europa avaliar as obras que vão à leilão. Os grupos fizeram visitas em dias diferentes e se encantaram com o acervo formado por raridades em museus latino-americanos que podem valer de US$ 500 mil a US$ 800 mil.

    Editoria de Arte/Folhapress

    DOWNTON ABBEY

    Desde que Edemar recebeu uma ordem de despejo, em 2011, ninguém morou na casa. O tempo de maior movimentação foi em parte do segundo semestre de 2014, quando ela serviu de locação para a minissérie global "Felizes para Sempre?".

    A equipe apelidou o local de Downton Abbey, série que se passa em uma propriedade da aristocracia inglesa.

    Mas quem visita a casa hoje se depara com um cenário diferente. Os quadros que tomavam todas as paredes foram levados para uma reserva técnica, único cômodo com ar condicionado ligado.

    Lá estão cerca de 900 peças que vão de obras de Claudio Bravo avaliadas em US$ 600 mil a centenas de reproduções fotografias de mulheres, boa parte adolescentes, que ficava na área da sauna.

    OUTRO LADO

    Questionado sobre o leilão por pessoas próximas, Edemar Cid Ferreira diz que a compra não será definitiva, pois ele a contestará em todas instâncias judiciais.

    Ele também nutre outra esperança: a de que seja aprovada pelos credores a proposta do Banco Paulista ou do Credit Suisse, interessados em assumir os ativos da massa falida no lugar do atual administrador Vânio Aguiar, ex-funcionário do Banco Central que atuou na intervenção do Santos.

    Nesse caso, se os créditos forem recuperados, as propriedades, como a casa, serão devolvidas a Edemar.

    Enquanto isso, o ex-banqueiro se preocupa com sua mudança. Desde o despejo, ele morava na casa de um amigo, que, depois de alguns meses, cobrou-lhe um aluguel de R$ 12 mil. Em março, pediu a casa de volta.

    Na próxima semana, ele finalizará sua mudança para uma casa próxima. O aluguel subirá para R$ 15 mil no primeiro ano, podendo chegar a R$ 22 mil no segundo. As despesas serão pagas com a ajuda de família e amigos, segundo Edemar.

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