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    Dólar fecha em queda pelo 4º dia com mercado de olho em juros nos EUA

    DE SÃO PAULO

    08/05/2015 17h31

    O dólar fechou esta sexta-feira (8) em queda pelo quarto dia, com investidores minimizando a recuperação da criação de empregos nos Estados Unidos em abril e concentrando-se no aumento menor que o esperado da renda média por hora, que pode ser um sinal de que a inflação ainda não está ganhando ímpeto na maior economia do mundo.

    No mercado à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, o dólar teve queda de 1,84% no dia e de 0,67% na semana, para R$ 2,991 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, recuou 1,38% no dia e 0,96% na semana, para R$ 2,984.

    Embora a criação de vagas de trabalho tenha ficado praticamente em linha com as expectativas em abril, levando a taxa de desemprego à mínima em quase sete anos, a renda média por hora subiu apenas 0,1%. Além disso, o dado de março foi revisado para o menor nível desde junho de 2012.

    Na quarta-feira, outro indicador americano havia mostrado que o setor privado dos EUA abriu 169 mil vagas de trabalho no mês passado, menor número desde janeiro de 2014 e muito abaixo das expectativas de analistas.

    Ambos os resultados podem abrir espaço para o Federal Reserve (banco central dos EUA) manter os juros em seu atual patamar por mais tempo, enquanto espera para ver sinais mais consistentes de que a inflação está acelerando em direção a sua meta. A taxa básica de juros naquele país está, desde 2008, entre 0% e 0,25% ao ano –menor nível histórico.

    Uma alta dos juros americanos deixaria os títulos do Tesouro dos EUA –que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco– mais atraentes do que aplicações em mercados emergentes, provocando uma saída de recursos dessas economias.

    A menor oferta de dólares tenderia a pressionar a cotação da moeda americana para cima, por isso a possibilidade de que o aumento demore mais para ocorrer tem efeito contrário no mercado, estimulando a queda na cotação do dólar sobre o real.

    AJUSTE

    "Havia uma expectativa de que os dados de emprego fossem fortes o suficiente para sugerir um aumento antecipado dos juros, e isso foi precificado no mercado americano nesta semana. Como os resultados não foram muito animadores, o mercado vai ajustar suas apostas nesta sessão", disse José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

    A avaliação de Gonçalves é que questões internas, como a definição do ajuste fiscal, devem continuar exercendo mais influência sobre a cotação do dólar ante o real. "O IPCA [indicador oficial da inflação no Brasil] divulgado hoje, por exemplo, veio sem surpresa. E o fato de não ter surpresa já virou boa notícia por aqui, ajudando a conter o dólar."

    A atuação do Banco Central no câmbio também seguiu no radar dos investidores. Nesta sexta, a autoridade monetária brasileira rolou para 2016 os vencimentos de 8,1 mil contratos que estavam previstos para o início de junho, em um leilão que movimentou US$ 391,6 milhões. A operação é equivalente à venda futura de dólares.

    Se mantiver esse ritmo até o final de maio, o BC rolará apenas 80% do lote total de contratos de swap com vencimento no início do próximo mês, que corresponde a US$ 9,656 bilhões.

    MERCADO DE AÇÕES

    O relatório de emprego americano impulsionou as Bolsas dos EUA nesta sexta-feira, e os principais índices de ações daquele país fecharam em alta de mais de 1%.

    Referência para o mercado brasileiro, o Ibovespa oscilou entre altas e baixas durante a sessão, mas fechou no azul, influenciado pelo otimismo externo. O ganho foi de 0,40%, para 57.149 pontos. O volume financeiro foi de R$ 7,107 bilhões. Na semana, o índice avançou 1,64%.

    "A Bolsa tem repercutido mais as discussões no Congresso sobre o ajuste fiscal, por isso, às vezes, vai na contramão dos demais mercados. A ata do BC divulgada nesta semana sinalizou que a postura vai ser mais forte em relação ao aumento de juros no país, o que impacta negativamente a Bolsa", diz Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho.

    Segundo Julio, o governo precisa de "mais medidas" para que o país possa retomar o crescimento e para que os investidores voltem a se sentir confortáveis para aplicar no mercado brasileiro. "A arrecadação que saiu esta semana foi muito fraca, mesmo a carga tributária do país sendo pesada. é preciso cortar mais gastos e definir com mais agilidade o plano de ajuste fiscal", afirmou.

    Os papéis da Vale e da Petrobras voltaram a fechar no vermelho. Eles já haviam fechado em queda na véspera, refletindo o movimento de realização de lucros (quando, em massa, investidores vendem ações compradas por um preço mais barato) após as fortes altas nos pregões anteriores.

    A ação preferencial, mais negociada e sem direito a voto, da mineradora recuou 3,59%, para R$ 18,51. Já a estatal viu seu papel preferencial cair 1,31%, para R$ 13,52.

    A safra de divulgação de resultados também influenciou o comportamento do Ibovespa nesta sexta. O principal destaque ficou por conta da varejista Hering, que despencou 22,41%, para R$ 14,51, após a companhia ter apresentado queda de 35,7% no lucro do primeiro trimestre, frente ao mesmo período do ano anterior, para R$ 41,5 milhões.

    Com Reuters

    Folhainvest

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