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    Graça Foster ofereceu demissão em troca de balanço aprovado

    ANDRÉIA SADI
    DE BRASÍLIA
    GRACILIANO ROCHA
    DE SÃO PAULO

    13/05/2015 02h00

    Sem citar nominalmente Dilma Rousseff, a ex-presidente da Petrobras Graça Foster disse ter discutido com "os comandantes da República", ainda em dezembro de 2014, a demissão coletiva de toda a diretoria como moeda de troca para tentar debelar a crise na estatal. Foster só deixou o cargo em fevereiro.

    A proposta foi feita em um momento tenso de dúvidas sobre se a auditoria PwC chancelaria o balanço do terceiro trimestre de 2014 da Petrobras, conforme gravação da reunião de 12 de dezembro do conselho de administração da estatal, obtida pela Folha.

    "Tenho dito para outros comandantes da República que não estão aqui se não é melhor a gente sair. Se sai toda a diretoria, entram outros diretores, de outras áreas fora da Petrobras, limpos em relação a esse processo [Lava Jato]. Aí é menos um problema", disse ela.

    Ouça

    Dois dias antes, a presidente da Petrobras teria se reunido com Dilma Rousseff, em Brasília, para discutir sua permanência.

    No dia 12, Foster demonstrou irritação com a falta de resposta da auditoria a um ofício em que ela perguntava se a demissão da diretoria ajudaria na aprovação do balanço: "A Price não quer assinar este balanço para não se comprometer com esse buraco, com essa bomba que é a Lava Jato".

    Sem o aval da PwC, a Petrobras poderia enfrentar uma corrida de credores para antecipar o pagamento de US$ 78 bilhões em 2015.

    "Se não tivermos a aprovação, a empresa quebra em 2015, porque não conseguiremos a renovação de vários bilhões necessários para o funcionamento da empresa", concluiu o então ministro Guido Mantega (Fazenda).

    Dois representantes da PwC foram chamados à reunião. O auditor Marcos Panassol disse que a troca da diretoria ou a demissão de a presidente seria inócua: "Não estamos auditando pessoas, auditamos contratos".

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