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    Petrobras volta a ter lucro com venda de combustíveis

    SAMANTHA LIMA
    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    16/05/2015 02h00

    Depois de 16 trimestres de perdas, causadas pela impossibilidade de reajustar o preço dos combustíveis de acordo com as cotações internacionais do petróleo, a Petrobras voltou a ver a área de abastecimento dar lucro. Resultado graças à queda no preço do óleo.

    O segmento, responsável pelas refinarias e a negociação de petróleo e combustíveis, teve ganho de R$ 9,4 bilhões nos primeiros três meses do ano, depois de prejuízo de R$ 7,4 bilhões no primeiro trimestre de 2014.

    Como controladora da Petrobras, a União dita o ritmo de reajuste dos combustíveis, com objetivo de evitar impacto inflacionário.

    Assim, quando o preço do barril sobe, a Petrobras não pode repassar automaticamente para os combustíveis, como ocorre com outras petroleiras no mundo.

    Estima-se internamente na Petrobras que as perdas com a defasagem desde 2011 chegaram a R$ 90 bilhões.

    A receita da companhia com venda de combustíveis sofre impacto da cotação no exterior. Isso porque para produzir diesel e gasolina para o consumo no país, a estatal precisa importar petróleo leve, não produzido em escala suficiente no Brasil. Grande parte do óleo extraído aqui é pesado.

    Justamente por ser pesado, é exportado com desconto de US$ 10 em relação à cotação do preço do barril de referência internacional ("Brent"), o que amplia as perdas na operação.

    A Petrobras também importa parte dos combustíveis que vende, porque não consegue atender toda a demanda interna. No balanço final, a Petrobras é importadora, e por isso o dólar alto também a prejudica.

    De julho do ano passado a janeiro deste ano, o barril de petróleo caiu de US$ 110 para US$ 42. A mudança de cenário permitiu à Petrobras deixar de perder com a venda de combustível. A estatal passou a ganhar com a
    defasagem, a partir de novembro, com a queda na cotação do barril. Também contribuiu o reajuste dos combustíveis, de 3% no preço da gasolina e 5% no diesel.

    Editoria de arte/Folhapress

    Em janeiro, a gasolina brasileira chegou a ficar 56,8% mais cara do que a internacional, e o diesel, 50,8%, calcula o CBIE (Centro Brasileiro de Ingraestrutura). Naquele mês, o ganho havia chegado a R$ 2,6 bilhões.

    A recuperação do preço do barril, aliada à desvalorização do câmbio, tem reduzido a defasagem. Em março, os preços da gasolina e o diesel estavam apenas 0,7% e 13,7% mais caros.

    Petrobras deverá voltar a ter perdas nos combustíveis, caso o preço do barril e o dólar subam, como prevê o mercado, até o fim do ano.

    O poder dos reajustes no reforço do caixa da companhia, quando vier, terá efeito limitado: a presidente Dilma Rousseff prometeu em fevereiro a manutenção do preço do diesel por seis meses, como parte da negociação com caminhoneiros pelo fim da greve em todo o país.

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