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    Crédito pela internet estreia no país com taxa de juros elevada

    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    18/05/2015 02h00

    Febre nos EUA, as empresas de crédito on-line estão chegando no Brasil com a promessa de liberar dinheiro com facilidade, sem precisar dar garantia, para quem já não consegue financiamento nos bancos de varejo.

    São empréstimos concedidos pela internet e sem que o consumidor precise sair de casa para assinar o contrato. Os juros, porém, podem ser mais elevados do que nas principais modalidades tradicionais de crédito (veja simulação abaixo). A análise de crédito é feita por algoritmos, que simulam cálculos, para definir o risco do empréstimo.

    A financeira Sorocred oferece crédito on-line por meio da Simplic, correspondente bancário, desde o ano passado. Não há exigência de garantia, mas é preciso ter conta-corrente no Bradesco, Caixa, Itaú ou Santander.

    No site (www.simplic.com.br), o cliente pode selecionar o valor e definir a forma de pagamento –até três vezes.

    "O processo de aprovação é feito por algoritmos, mas a instituição financeira [a Sorocred, no caso] faz a análise do cliente", disse Rafael Pereira, diretor da Simplic.

    Na plataforma de empréstimo on-line Geru (www.geru.com.br), que começou a operar em março deste ano, o valor varia de R$ 2.000 a R$ 35 mil, e o prazo para pagamento é mais elástico: de 12 a 36 meses. Geru quer dizer dinheiro em japonês.

    Nas duas, as propostas de crédito são preenchidas on-line, com dados como CPF e nome completo da mãe. Uma assinatura eletrônica confere autenticidade ao contrato. Se o crédito for aprovado, o dinheiro é transferido para a conta do cliente. "É conveniente. Ele faz o pedido de empréstimo de casa, sem qualquer tipo de constrangimento. Ninguém precisa saber que o crédito foi negado ou aprovado", afirma Sandro Reiss, fundador da Geru.

    A facilidade pode ter seu preço. Segundo simulação da Simplic, se o consumidor tomar emprestados R$ 500 para pagar em uma única parcela, o custo efetivo total é de 24,68% ao mês –o que eleva o valor pago a R$ 623,39. Se parcelar em três vezes, o valor sobe para R$ 712,50 (custo de 42,50% no período). No cartão de crédito, os R$ 500 virariam R$ 566,35 em um mês.

    Na Geru, ao contratar R$ 10.000 por 24 meses o cliente pagaria R$ 14.499,06 (custo efetivo total de 3,7% ao mês ou de 44,6% ao ano).

    A incerteza sobre o perfil do cliente é o que faz com que os juros fiquem mais altos na modalidade on-line, diz o planejador financeiro Valter Police Junior. "O banco não sabe quem é o cliente, mas sabe que uma parte deles vai dar calote. Como recuperar esse dinheiro é mais difícil, a instituição joga essa incerteza nos juros, que sobem".

    Editoria de arte/Folhapress

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