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    Petrobras diz ter liberdade para elevar preços dos combustíveis

    SAMANTHA LIMA
    DO RIO

    18/05/2015 16h50

    O diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, afirmou nesta segunda-feira (18) que a empresa vai praticar preços "competitivos" para os combustíveis e que a estatal tem "liberdade" para estabelecer tal política.

    A declaração, dada em teleconferência com analistas para detalhar resultados do primeiro trimestre, contraria a política de preços dos combustíveis adotada nos últimos anos, quando o governo impediu reajustes seguindo preços de mercado para evitar impacto na inflação.

    Durante a teleconferência, um analista perguntou "de onde vem a convicção" na capacidade da empresa de reajustar o preço dos combustíveis. "São conversas no conselho de administração que te deixam mais otimista?"

    Claudio Belli/Valor
    Ivan Monteiro, diretor financeiro da Petrobras
    Ivan Monteiro, diretor financeiro da Petrobras

    Monteiro respondeu que "a companhia tem liberdade e vai atuar praticando preços competitivos". O diretor não detalhou, porém, quais são os parâmetros e patamares de competitividade.

    Entre 2011 e 2014, a Petrobras amargou perdas próximas a R$ 90 bilhões por vender combustíveis abaixo da cotação internacional.

    A queda no preço do barril ajudou a diminuir a defasagem e, a partir de novembro, a companhia passou a ter ganhos com a diferença. No entanto, a tendência é que esse ganho seja anulado, caso o preço do barril de petróleo e o dólar subam.

    VENDA DE ATIVOS

    Ainda em teleconferência, o executivo afirmou que a Petrobras pretende explicar, nas próximas semanas, a estratégia para reduzir seu endividamento. O tema será alvo de discussão na alta administração da empresa ainda esta semana.

    Segundo o Monteiro, o assunto será discutido de forma "bastante profunda".

    Na divulgação dos resultados do primeiro trimestre, na última segunda-feira, a empresa relatou ter elevado sua dívida líquida em 18% em apenas três meses, de R$ 282,1 bilhões para R$ 332,5 bilhões. O valor não contempla as captações feitas em abril, no valor de R$ 29 bilhões.

    A principal causa foi a desvalorização cambial, de 21%, entre o primeiro trimestre de 2014 e o de 2015, já que 75% da dívida da empresa é em dólar.

    O índice de alavancagem, que mede a relação entre endividamento líquido e a soma entre o endividamento líquido, subiu de 48% para 52% no período. Há três anos, a empresa considerava índice satisfatório o percentual de 35%.

    "A discussão sobre alavancagem é uma discussão bastante profunda, e vai ser feita numa primeira reunião de diretores, com o presidente [Aldemir] Bendine, e, depois, um amplo debate com o conselho de administração. Após esses dois eventos, a gente vai se sentir muito mais à vontade não só de explicar detalhadamente o novo plano de negócios, mas, principalmente, como vamos endereçar a desalavancagem", disse Monteiro.

    O plano de negócios deve ser divulgado na primeira quinzena de junho. Com menos projetos do que a empresa pensava em fazer há um ano, prevê investimentos da ordem de US$ 29 bilhões este ano e de US$ 25 bilhões em 2016.

    Antes do aprofundamento da crise financeira, a empresa planejava investir US$ 44 bilhões entre 2014 e 2018. O valor foi revisto para adequar a companhia à nova realidade do preço do petróleo e para evitar crescimento da já enorme dívida.

    Na sexta-feira, a empresa obteve aval para fazer uma nova emissão de títulos de dívida no Brasil, no valor inicial de R$ 3 bilhões, mas que poderá chegar a R$ 4,05 bilhões, dependendo do apetite dos investidores.

    SETOR ELÉTRICO

    Monteiro disse que a Petrobras vai "perseguir 100%" de recuperação dos valores provisionados como perda no setor elétrico, em dezembro do ano passado.

    No balanço do 4º trimestre, a empresa lançou como provisão para perda com o setor elétrico o valor de R$ 4,5 bilhões, que ajudou a aumentar o prejuízo do ano, de R$ 21,7 bilhões. Segundo a companhia, tal débito, parte de uma dívida de R$ 12 bilhões que o setor tem com a Petrobras, não tinha garantias.

    Agora, no fim do 1º trimestre, a empresa reverteu R$ 1,3 bilhão desses R$ 4,5 bilhões, porque, segundo Monteiro, foram dadas garantias de pagamento a esse valor. A reversão da provisão geral efeito positivo no resultado da companhia de R$ 863 milhões.

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