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    Construtoras reduzem lançamentos de imóveis novos em 2015

    RENATA AGOSTINI
    DE SÃO PAULO

    19/05/2015 02h00

    Com menos brasileiros dispostos a comprar imóveis, seis das 13 maiores incorporadoras de capital aberto do país decidiram não lançar empreendimentos novos nos três primeiros meses do ano.

    A ausência de lançamentos de tantas empresas ao mesmo tempo num único trimestre não ocorria desde pelo menos 2007, segundo levantamento feito pela Folha. A pesquisa considerou as incorporadoras brasileiras cuja receita líquida superou R$ 100 milhões no trimestre.

    De janeiro a março deste ano, Brookfield, Even, Tecnisa, Rossi, João Fortes e Rodobens optaram por permanecer com o mesmo portfólio. A última vez que mais de uma companhia da lista decidira não colocar à venda um novo empreendimento fora no primeiro trimestre de 2008. Ainda assim, apenas duas: Helbor e João Fortes.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Neste ano, o cenário mudou. Além do recorde de incorporadoras sem lançamentos, as que ofertaram novas unidades, decidiram reduzir o ritmo. A exceção foi a Gafisa, que aumentou marginalmente o número (veja quadro). No total, o grupo ofereceu ao mercado menos 14.662 imóveis, uma queda de quase 57% frente aos três primeiros meses de 2014.

    "As empresas estão fazendo de tudo para tentar ajustar os estoques, que ficaram muito altos. Estoque elevado gera custo e elas precisam cortar", diz Daniel Cobucci, analista do BB Investimentos.

    Após a onda de aberturas de capital na Bolsa, entre 2006 e 2007, as incorporadoras investiram pesado em lançamentos. Capitalizadas, tentavam aproveitar o momento de bonança econômica.

    A velocidade de vendas, contudo, começou a cair de 2012 para cá e a desistência de clientes, os chamados distratos, a aumentar. Quando isso acontece, a empresa tem de investir em propaganda e equipe de vendas até encontrar um novo interessado, o que aumenta seus custos.

    Com a economia parada, o problema agravou-se neste ano. Se por um lado a confiança dos consumidores caiu, por outro, o governo restringiu o acesso ao crédito.

    A Caixa Econômica Federal, que tem 70% do crédito imobiliário do país, subiu os juros duas vezes e aumentou a exigência de entrada para imóveis usados.

    Estudo do Secovi-São Paulo, sindicato das empresas do setor imobiliário, mostrou que há 27.471 unidades à espera de comprador na capital paulista. Considerando o tempo médio de venda este ano, seriam necessários três anos e dois meses para que todas fossem adquiridas.

    RESULTADOS

    Para tentar acelerar as vendas, as empresas vêm concedendo descontos que chegam a 15%. Mas algumas incorporadoras, como Even e Rossi, já alertaram a seus investidores que, caso a demanda siga fraca, há chance de não lançarem mais nada até o final deste ano.

    Com custos mais altos e tendo de baixar os preços, o lucro das companhias ficou menor. Das 13 analisadas, só MRV, Gafisa e Eztec tiveram resultado melhor que o do início de 2014. Três delas registraram prejuízos milionários (PDG, Brookfield e João Fortes). O lucro das 13, no total, caiu mais de R$ 400 milhões.

    Para a Moody´s, o setor lançará menos e terá queda de 10% nas receitas.

    No primeiro trimestre, outras incorporadoras como JHSF, CR2 e Viver também deixaram de lançar unidades.

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