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    Risco de explosão violenta em airbag leva a recall de 34 milhões de veículos

    DANIELLE IVORY
    "THE NEW YORK TIMES"

    19/05/2015 17h09

    Toru Hanai/Reuters
    Risco de explosão em airbag leva a recall
    Risco de explosão em airbag leva a recall

    A Takata, fornecedora japonesa de componentes automotivos, quase dobrará, para 34 milhões, o número de veículos sujeitos a recall nos Estados Unidos por defeito nos airbags que ela fabrica.

    A fornecedora fez o anúncio nesta terça-feira (19), em coordenação com as autoridades regulatórias federais da Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário (NHTSA), que vinha pressionando a empresa desde o fiml do ano passado a anunciar defeitos nos seus produtos. A Takata combateu essa pressão e chegou a afirmar em dado momento que a agência não poderia forçá-la a ordenar um recall.

    O sistema de inflação de airbags produzido pela Takata pode explodir violentamente quando o equipamento entra em uso, lançando fragmentos metálicos no compartimento de passageiros. Seis mortes e mais de 100 casos de ferimentos foram vinculados a esse defeito.

    "Desde o começo, nosso objetivo era simples: ter airbags seguros em todos os veículos", disse Mark Rosekind, que comanda a administração de segurança rodoviária desde dezembro.

    "As medidas que estamos tomando hoje representam um progresso significativo nessa direção."

    Em fevereiro, as autoridades regulatórias federais começaram a multar a Takata em US$ 14 mil ao dia por não ter cooperado plenamente com a investigação dos problemas. A companhia contestou as reivindicações.

    Milhões de veículos foram recolhidos em todo o mundo por causa de airbags defeituosos produzidos pela Takata. Seis mortes, cinco das quais nos EUA, foram vinculadas a airbags Takata rompidos.

    Os problemas dos airbags da Takata surgiram quase 15 anos atrás. Já em 2000, compradores apresentaram queixas à NHTSA por rupturas de airbags em veículos equipados com componentes da Takata. Oito anos mais tarde, em novembro de 2008, a Honda fez um recall de mais de 4.000 carros equipados com o airbag em questão e, depois, seis meses mais tarde, um adolescente foi morto por fragmentos de um airbag explosivo, e a companhia fez o recall de mais 510 mil veículos.

    Os recalls da Honda levaram as autoridades de segurança a iniciar uma investigação sobre o defeito em 2009, mas seis meses depois o inquérito foi encerrado abruptamente. A agência nem mesmo exigiu que a Takata entregasse todos os documentos inicialmente solicitados. Menos de um ano mais tarde, mais recalls de carros portadores de seus airbags foram anunciados.

    Porque o número de recalls continuava a crescer, a agência iniciou uma segunda investigação sobre os airbags em junho e, no final do ano passado, lançou a demanda de que montadoras realizassem recalls nacionais nos Estados Unidos.

    Na semana passada, Honda, Toyota e Nissan anunciaram recalls somados de mais de 11,5 milhões de veículos em todo o mundo.

    O anúncio da terça-feira atraiu elogios de um legislador que é crítico persistente da Takata.

    "As pessoas não deveriam ter de dirigir imaginando se seus airbags podem explodir em suas caras ou se seus carros farão parte de uma nova lista de recall", disse o senador Bill Nelson, da Flórida, líder da bancada democrata no Comitê de Comércio do Senado e importante figura na investigação legislativa dos airbags defeituosos. "Vamos esperar que as admissões da Takata hoje revelem toda a história."

    Analistas dizem que os recalls ilustram o risco que as montadoras correm em seu esforço por padronizar a produção em todo o mundo.

    "Um recall dessa ordem ilustra o potencial de despesas maciças para as montadoras e grandes inconveniências para os consumidores quando um componente padronizado e produzido em massa é defeituoso", afirmou Karl Brauer, analista da Kelley Blue Book, em um e-mail.

    "Ironicamente, o uso de componentes comuns a muitos fabricantes e muitos mercados tem por objetivo economizar dinheiro, mas um recall dessa ordem custará bilhões ao setor".

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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