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    Brasil precisa "arrumar a casa" para aumento de juros nos EUA, diz BC

    BRUNO VILLAS BOAS
    DO RIO

    21/05/2015 18h46

    O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), Tony Volpon, disse nesta quinta-feira (21) que o Brasil precisa "arrumar totalmente a casa" para se preparar para o aumento dos juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano).

    Perguntado sobre o que estaria desarrumado na economia, Volpon disse que a inflação precisa cair para o centro da meta de inflação, de 4,5% ao ano. "Queremos reduzir a inflação e queremos levá-la para o centro da meta no fim de 2016", disse o diretor, que participou do 17º seminário de metas de inflação do BC, no Rio de Janeiro.

    Os analistas e economistas do mercado especulam quando o Fed vai elevar os juros, atualmente entre zero e 0,25% ao ano. Para incentivar a economia, o BC dos EUA não eleva os juros desde 2006. Em ata divulgada na quarta-feira (20), o Fed indicou que a alta deve ocorrer no 2º semestre deste ano com sinais de recuperação da economia.

    O diretor do BC disse que não saberia dizer quando os EUA devem elevar os juros. "O que estamos fazendo é todo o possível para proteger a economia em um ambiente internacional que ainda é bastante perigoso. Não podemos deixar a guarda cair", disse Volpon.

    O problema é que o aumento dos juros nos EUA tende a atrair mais investidores para os títulos do governo americano, considerado os mais seguros do mundo. Com essa maior procura, a tendência é de uma valorização ainda maior do dólar frente a moedas de países emergentes, inclusive o real.

    "O dólar já subiu cerca 30% de setembro do ano passado até agora. Se o Brasil não estiver preparado para o aumento dos juros nos EUA, vamos ver o dólar se valorizar ainda mais, a inflação subir ainda mais", disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos. "Mas acho que o BC vai estar preparado, com os juros altos, para quando chegar essa hora".

    Em abril, a inflação oficial brasileira, medida pelo IPCA, atingiu 8,13% no acumulado em 12 meses, a maior taxa desde dezembro de 2003, quando a economia sofria com as incertezas da primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.

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