Uma administradora de investimentos brasileira decidiu agir com base no endosso do Vaticano ao uso das ferramentas do capitalismo para combater a desigualdade.
A First está a caminho de formar no Brasil o maior dos chamados fundos de investimento de impacto –que visam promover o bem social, além de retornos lucrativos.
Além do apoio de JPMorgan e Banco Mundial, a First conta com o suporte de um poder ainda mais elevado: um fundo estabelecido por uma ordem internacional da Igreja Católica criada há 199 anos.
T.J. Kirkpatrick/The New York Times | ||
O frei Seamus Finn, diretor do fundo Oblate, que administra US$ 400 milhões em ativos |
O capital provido pelo Oblate International Pastoral Investment Trust é seu primeiro investimento em um fundo de impacto brasileiro.
O montante, de cerca de US$ 7 milhões, pode parecer pequeno, mas reflete o crescente interesse de grupos católicos de todo o mundo por esse setor. E, para a Igreja Católica, o conceito parece se encaixar na prioridade do papa Francisco de encontrar modos de enfrentar a desigualdade.
Garantir que investimentos de origem religiosa sejam compatíveis com os valores católicos é uma tarefa foi difícil. Mas muita gente está começando a ver o chamado investimento de impacto –cujos resultados são avaliados pelos retornos sociais e financeiros– como uma boa maneira de fazê-lo.
Não só os ganhos com o investimento são importantes como o fundo avalia se os seus investimentos estão oferecendo melhoras sociais.
É uma classe de ativos que vem registrando avanços no Brasil. A expectativa é que o fundo da First em breve ultrapasse os US$ 98 milhões e que atinja sua meta de US$ 125 milhões em capital neste ano. Os US$ 98 milhões equivalem a mais de metade dos US$ 177 milhões arrecadados por outros fundos de impacto no país de 2004 a 2013, segundo a Rede Aspen de Empreendedores do Desenvolvimento.
A First atraiu a atenção do fundo Oblate, dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada, que administra mais de US$ 400 milhões em ativos para de mais de 230 congregações católicas em 53 países.
O diretor de investimentos compatíveis com a religião do fundo é o frei Seamus Finn, 65, um irlandês que vive nos EUA e visita o Brasil uma vez por ano. Ele diz que a participação do fundo no projeto reflete o interesse crescente pelo investimento de impacto.