Cresceu o número de grandes anunciantes com publicidade em páginas que pirateiam conteúdo on-line, segundo relatório da consultoria MediaLink para a Digital Citizens Alliance, entidade ligada às indústrias de cinema, TV e farmacêutica dos EUA.
De 2013 para 2014, as "marcas premium" que anunciaram nos sites pesquisados (596 em 2013, 589 em 2014) saltaram de 89 para 132.
Reprodução/Digital Citizens Alliance | ||
Imagem de portal de vídeos piratas com publicidade de operadora americana de celular |
Entre os anunciantes flagrados estão gigantes de tecnologia como Google, Facebook, Amazon e Microsoft e operadoras como Verizon e Time Warner.
"Isso tem menos a ver com anunciantes decidindo fazer a coisa errada do que com a forma como operam as 'ad networks'", avalia o especialista Robert Levine, referindo-se às intermediárias de publicidade no meio digital.
"No mundo off-line, anunciantes pagam por publicidade num jornal ou programa de TV", diz o autor do livro "Free Ride" (2012). "On-line, podem comprar espaço da mesma forma ou de 'ad networks', que não parecem estar fazendo um bom trabalho ao veicular os anúncios em sites devotados à pirataria."
Segundo o relatório, 179 diferentes "ad networks" trabalharam com os 589 sites em 2014. O levantamento aponta ainda que a receita publicitária obtida pelos sites piratas é inferior, "por muitas ordens de grandeza", às perdas dos proprietários dos conteúdos, destruindo valor.
De outro lado, a MediaLink afirma que as empresas são atingidas duplamente quando seus anúncios vão parar em sites assim: por associarem suas marcas à pirataria e por serem fraudadas pelos sites, que cobram por impressões infladas por robôs.
Levine diz não entender os anunciantes "top" que o fazem conscientemente. "Não tem como ser bom para eles. Obviamente, é barato, mas, se fosse anunciante, você gostaria de ter anúncio colado a conteúdo ilegal? E muitos deles também têm interesse em proteger propriedade intelectual." Ele acredita que os anunciantes vão começar a cobrar controle sobre os espaços, "é inevitável".
Nessa direção, a Digital Citizens Alliance elogiou, ao divulgar o relatório, uma iniciativa conjunta das associações americanas de anunciantes e agências e dos próprios veículos digitais, o Interactive Advertising Bureau, visando combater a publicidade em sites piratas. Entre as medidas já programadas, uma certificação para as empresas.
VÍDEO
Segundo o levantamento da MediaLink, a faixa de vídeos pirateados foi a que mais cresceu em faturamento publicitário, apesar da derrubada de sete grandes portais de BitTorrent no último ano, como The Pirate Bay. A consultoria anota que eles "geraram cópias, ressurgindo como a Hidra do mito, que criava duas cabeças para cada uma que era cortada".
Mais importante do que a resistência desses portais de compartilhamento, porém, foi o avanço daqueles que oferecem streaming pirateado, similares ao Netflix. A amostra de sites de 2014, remontada pela MediaLink usando os mesmos critérios do ano anterior, registrou um acréscimo de 40% nos sites piratas voltados a streaming.
Com vídeos legítimos ou furtados, é uma tendência on-line que "está explodindo".