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    Grandes anunciantes avançam para sites piratas, aponta relatório

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    26/05/2015 02h00

    Cresceu o número de grandes anunciantes com publicidade em páginas que pirateiam conteúdo on-line, segundo relatório da consultoria MediaLink para a Digital Citizens Alliance, entidade ligada às indústrias de cinema, TV e farmacêutica dos EUA.

    De 2013 para 2014, as "marcas premium" que anunciaram nos sites pesquisados (596 em 2013, 589 em 2014) saltaram de 89 para 132.

    Reprodução/Digital Citizens Alliance
    Imagem de portal de vídeos piratas com publicidade de operadora americana de celular
    Imagem de portal de vídeos piratas com publicidade de operadora americana de celular

    Entre os anunciantes flagrados estão gigantes de tecnologia como Google, Facebook, Amazon e Microsoft e operadoras como Verizon e Time Warner.

    "Isso tem menos a ver com anunciantes decidindo fazer a coisa errada do que com a forma como operam as 'ad networks'", avalia o especialista Robert Levine, referindo-se às intermediárias de publicidade no meio digital.

    "No mundo off-line, anunciantes pagam por publicidade num jornal ou programa de TV", diz o autor do livro "Free Ride" (2012). "On-line, podem comprar espaço da mesma forma ou de 'ad networks', que não parecem estar fazendo um bom trabalho ao veicular os anúncios em sites devotados à pirataria."

    Segundo o relatório, 179 diferentes "ad networks" trabalharam com os 589 sites em 2014. O levantamento aponta ainda que a receita publicitária obtida pelos sites piratas é inferior, "por muitas ordens de grandeza", às perdas dos proprietários dos conteúdos, destruindo valor.

    De outro lado, a MediaLink afirma que as empresas são atingidas duplamente quando seus anúncios vão parar em sites assim: por associarem suas marcas à pirataria e por serem fraudadas pelos sites, que cobram por impressões infladas por robôs.

    Levine diz não entender os anunciantes "top" que o fazem conscientemente. "Não tem como ser bom para eles. Obviamente, é barato, mas, se fosse anunciante, você gostaria de ter anúncio colado a conteúdo ilegal? E muitos deles também têm interesse em proteger propriedade intelectual." Ele acredita que os anunciantes vão começar a cobrar controle sobre os espaços, "é inevitável".

    Nessa direção, a Digital Citizens Alliance elogiou, ao divulgar o relatório, uma iniciativa conjunta das associações americanas de anunciantes e agências e dos próprios veículos digitais, o Interactive Advertising Bureau, visando combater a publicidade em sites piratas. Entre as medidas já programadas, uma certificação para as empresas.

    VÍDEO

    Segundo o levantamento da MediaLink, a faixa de vídeos pirateados foi a que mais cresceu em faturamento publicitário, apesar da derrubada de sete grandes portais de BitTorrent no último ano, como The Pirate Bay. A consultoria anota que eles "geraram cópias, ressurgindo como a Hidra do mito, que criava duas cabeças para cada uma que era cortada".

    Mais importante do que a resistência desses portais de compartilhamento, porém, foi o avanço daqueles que oferecem streaming pirateado, similares ao Netflix. A amostra de sites de 2014, remontada pela MediaLink usando os mesmos critérios do ano anterior, registrou um acréscimo de 40% nos sites piratas voltados a streaming.

    Com vídeos legítimos ou furtados, é uma tendência on-line que "está explodindo".

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