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    Sindicatos protestam contra ajuste fiscal e terceirização em todo o país

    DE SÃO PAULO

    29/05/2015 15h25

    Metalúrgicos, bancários, petroleiros, motoboys, motoristas e cobradores de ônibus, metroviários, professores, entre outras categorias profissionais, fazem protestos nesta sexta (29) contra o projeto de terceirização, que será votado no Senado, e contra as medidas de ajuste fiscal, já aprovadas no Congresso, que restringem direitos trabalhistas e previdenciários.

    O Dia Nacional de Paralisação e Manifestações foi organizado por sindicatos ligados a CUT, CTB, Conlutas, CSB, Intersindical e Nova Central e movimentos sociais como MST. Segundo a direção da CUT, em todos os Estados e DF houve algum tipo de ato, protesto, manifestação ou paralisação.

    Não há um número consolidado de quantos trabalhadores e militantes aderiram aos protestos, mas desde o início desta sexta estradas foram bloqueadas, montadoras e fábricas foram fechadas, agências bancárias interromperam atendimento, além de manifestações.

    A maior parte dos protestos foi concentrado no período das 6h até as 12h30. Em algumas regiões, a paralisação dura o dia todo.

    Na região do ABC paulista, 50 mil metalúrgicos que trabalham em montadoras e autopeças de quatro cidades —São Bernardo do Campo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra— cruzaram os braços, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

    Os trabalhadores da Volkswagen, Scania, Merdeces-Benz e Ford aderiram ao protesto e a produção dessas montadoras está paralisada o dia todo, de acordo com os sindicalistas. Eles saíram em passeata das fábricas e fizeram ato em frente à igreja matriz de São Bernardo, na região central da cidade.

    Os metalúrgicos também pedem a adoção do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), proposta que prevê que, em tempos de crise, os trabalhadores sejam afastados, mas sem demissões, mantendo o vínculo com a empresa e recebendo salários com jornada reduzida. A proposta em estudo prevê 15% de redução salarial e 30% da jornada.

    ATO NA FIESP

    Na região da avenida Paulista, no sentido Paraíso, também houve protesto e um grupo de trabalhadores se concentrou em frente ao prédio da Fiesp, federação das indústrias, por volta de 9h. Cerca de 600 manifestantes, entre motoboys, motoristas de ônibus, bancários e comerciários aderiram ao protesto, segundo Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores).

    Outro grupo de manifestantes interditou parcialmente a rua Venceslau Brás, na altura da praça da Sé, na região central da capital paulista. Na marginal do Pinheiros, manifestantes tambéem interromperam o acesso de veículos e, de acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o trânsito na cidade de São Paulo foi prejudicado, principalmente na parte da manhã.

    Cerca de cem agências da capital, localizadas no centro e na avenida Paulista ficaram fechadas ou com atendimento parcialmente interrompido, informou o Sindicato dos Bancários de São Paulo.

    O acesso aos caixas eletrônicos foi bloqueado em apenas parte delas. A Febraban, federação que representa os bancos, disse que os fechamentos foram pontuais em São Paulo e se restringiu à região da avenida Paulista e do centro.

    PROFESSORES, ESTUDANTES E TRABALHADORES DA USP

    Em greve há 80 dias, segundo a CUT, os professores estaduais realizam assembleia nesta sexta à tarde no vão-livre do Masp e de lá seguem em caminhada até a praça da República onde, a partir das 17h, ocorre ato unificado do funcionalismo público e de movimentos sociais.

    Os professores reivindicam aumento de 75,33% para equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior.

    Estudantes e trabalhadores da USP (Universidade de São Paulo) também aderiram aos protestos com atos em frente ao portão principal da instituição, bloqueando a avenida Afrânio Peixoto, na zona oeste de São Paulo.

    Depois, o grupo caminhou e interditou a rodovia Raposo Tavares, nos arredores da universidade.

    Quando os manifestantes caminhavam pela avenida Vital Brasil, próxima à estação Butantã, da linha 4-amarela do Metrô, houve um princípio de tumulto. Policiais atiraram bombas e balas de borracha nos manifestantes.

    O Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) alega que a manifestação ocorria pacificamente quando a "força policial reprimiu duramente o ato". "Os policiais atiraram bombas, balas de borracha e gás lacrimogêneo e agrediram dezenas de estudantes e trabalhadores, deixando vários feridos, entre eles duas mulheres espancadas, uma funcionária, e uma estudante que levou um soco no rosto, jogada no chão e pisoteada pelos policiais."

    De acordo com o sindicato, um estudante do curso de Ciências Socais da USP foi detido pela polícia e levado para 34° DP com "a cabeça enfaixada em função dos ferimentos causados pela polícia". "Denunciamos a repressão policial e exigimos a imediata libertação do estudante detido de forma arbitrária por motivos políticos", informou o Sintusp.

    Danilo Verpa/Folhapress
    Jovem é agredida em protesto de funcionários e estudantes frente ao Portão 1 da Cidade Universitária
    Jovem é agredida em protesto de funcionários e estudantes frente ao Portão 1 da Cidade Universitária

    OUTRAS REGIÕES

    Aproximadamente 14 mil metalúrgicos na região de São José dos Campos participaram do dia de protesto, afirmou o sindicato da categoria.

    Sindicalistas informam que a paralisação é de 24 horas na General Motors, Avibras, TI Automotive, MWL e Blue Tech. Houve ainda atraso de três horas na entrada do primeiro turno da Embraer e paralisações parciais em outras fábricas.

    "Os trabalhadores estão indignados com todos esses ataques aos direitos. A presidente Dilma e o Congresso Nacional estão fazendo o papel de defensores dos patrões, e isso nós não vamos aceitar. O próximo passo é construir uma greve geral", afirma o presidente do sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.

    Os protestos também afetaram a rodovia Anchieta, na altura do km 40, no sentido litoral paulista, Na Baixa Santista, houve congestionamento na altura do km 52 ao 55 até o início da tarde. No sentido São Paulo, os motoristas encontram filas do km 63 ao km 56, reflexo da manifestação na rodovia Cônego Domênico Rangoni.

    De acordo com a Ecovias, concessionária que administra o sistema Anchieta-Imigrantes, a rodovia Cônego Domênico Rangoni, sentido Guarujá, e rodovia Padre Manoel da Nóbrega também tiveram tráfego lento, reflexo da manifestação.

    Os petroleiros não fizeram a troca de turno na refinaria da Petrobras, em Paulínia, na região de Campinas, em adesão aos atos contra contra o projeto de lei que amplia a terceirização no país. Os trabalhadores do período noturno permanecem nas operações da refinaria até a próxima troca de turno, prevista para as 15h, segundo a CUT.

    PELO PAÍS

    Os usuários de metrô em Belo Horizonte também ficaram sem transporte, e segundo o sindicato da categoria a promessa é de paralisação durante 24 horas.

    Em Porto Alegre, apesar de uma decisão judicial que proíbe a realização de piquetes, funcionários do metrô e de ônibus da região interromperam o expediente.

    Na Bahia, manifestantes fecharam parcialmente o km 522 da BR 324 em Feira de Santana. Em Cruz das Almas, o km 22 da BR 101 foi totalmente interditado por volta de 8h30.

    Em Vitória (ES), houve protestos em frente ao campus da Universidade Federal do Espírito Santo.

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