Uma das principais marcas da administração petista, a expansão do consumo das famílias sofreu neste ano sua interrupção mais explícita.
No primeiro trimestre, as compras caíram 1,5% e ficaram 0,9% abaixo do patamar de um ano atrás –foi a primeira queda nessa base de comparação desde 2003, primeiro ano do governo Lula.
O crescimento iniciado na década passada foi impulsionado por ascensão social, programas de transferência de renda e ampliação do crédito; a queda de agora resulta de inflação, desemprego e juros mais elevados.
Se o consumo não é mais o motor da economia, o investimento –as obras de infraestrutura e as compras de equipamentos destinados a ampliar a capacidade produtiva– está longe de poder assumir esse papel.
Investimentos públicos e privados recuaram 1,3% entre janeiro e março, em uma sucessão de sete quedas trimestrais, inédita nas estatísticas disponíveis desde 1996.
Em fase de penúria orçamentária, o governo federal e suas estatais –em especial a Petrobras, dona do maior caixa– contribuem para a retração das obras.
O custeio da administração pública, incluindo União, Estados e municípios, caiu 1,3%, em meio à freada da arrecadação tributária e os ajustes de início de mandato da atual safra de governadores.
Diante da retração geral da demanda, a renda encolheu na indústria –uma rotina nos últimos anos– e no setor de serviços, que responde por cerca de 70% da economia.
A queda do PIB só não foi maior porque a agropecuária e as exportações, favorecidas pela alta das cotações do dólar, ajudaram.
Não está no horizonte visível, porém, uma nova escalada dos preços dos produtos agrícolas e minerais como a que impulsionou recordes da balança comercial brasileira na década passada.
EXPECTATIVAS
Na ausência de motores econômicos, as expectativas pessimistas não se limitam a este ano: governo e analistas de mercado concordam que haverá queda do PIB neste ano –as apostas se concentram entre 1% a 2%– e uma recuperação modesta em 2016 –1% já parece otimismo.
Em suas projeções mais recentes para o Brasil, o FMI (Fundo Monetário Internacional) não acredita em taxas acima de 2,5% até 2020.
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