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    Preço dobra, e TCU contesta leilão de linha de transmissão de Belo Monte

    DIMMI AMORA
    JULIA BORBA
    DE BRASÍLIA

    02/06/2015 02h00

    Lalo de Almeida/Folhapress
    Operário trabalha na construção de barragem da hidrelétrica de Belo Monte
    Operário trabalha na construção de barragem da hidrelétrica de Belo Monte

    Por causa de um aumento de mais de 100% no preço, o leilão para a construção de nova linha de transmissão para a Usina de Belo Monte terá de passar por revisão de regras, a pedido do TCU.

    A obra servirá para reforçar a interligação da produção e consumo de energia entre o Norte e o Sudeste do país. O leilão estava previsto para julho. Caso atrase, aumenta o risco de a usina começar a produzir antes que a obra esteja pronta.

    Quando isso ocorre, a hidrelétrica deixa de enviar energia para o sistema e o custo acaba sendo transferido para o consumidor.

    Segundo relatório do TCU deste ano, a construção das linhas de transmissão e subestações tem em média 28 meses de atraso, considerando os dados após o início da assinatura do contrato.

    Belo Monte deverá iniciar a produção de energia no próximo ano e ficará em construção até 2019.

    A previsão é que, a partir de 2018, a usina tenha mais de metade das suas turbinas principais já em funcionamento o que, em tese, demandaria o uso da segunda linha prevista.

    REMUNERAÇÃO MAIOR

    A decisão do tribunal determina que sejam corrigidas as falhas identificadas nos critérios que definem a remuneração anual do investidor. Se isso não ocorrer, o TCU pode suspender a concorrência.

    O edital prevê preço teto 115% superior ao da primeira linha de transmissão, licitada no ano passado: R$ 1,4 bilhão, contra R$ 650 milhões.

    O leilão da primeira linha ainda terminou com um deságio de 38%, e o valor ficou em R$ 434,6 mil ao ano.

    A Aneel (agência reguladora) defende que o calendário seja mantido e avalia se deve realizar as alterações.

    De acordo com o TCU, a tentativa de aumentar a receita para os empresários é uma demonstração de que a agência reguladora teme um número baixo de interessados, "em face das mudanças ocorridas no cenário econômico nacional".

    O pagamento da receita anual para os investidores recai sobre a tarifa dos consumidores. Portanto, quanto mais caro for o serviço prestado pela empresa que irá cuidar da operação e manutenção da linha, maior será o impacto sobre a conta de luz.

    A concessão da segunda linha de transmissão para Belo Monte, com 2.518 km, terá duração de 30 anos.

    Na última semana, a usina conseguiu barrar judicialmente uma obrigação de pagamento pelo atraso de 444 dias na obra.

    A decisão liminar suspende a penalidade que havia sido imposta pela Aneel.

    Procurada pela reportagem, a Aneel informou que não haverá atraso no leilão nem na entrega da linha e que a licitação deve ocorrer no início de julho.

    A reguladora disse ainda que está analisando os argumentos do TCU e que não há determinação para novo envio de documentos.

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