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    Empreiteiras levam ceticismo sobre pacote de concessões a Dilma

    DIMMI AMORA
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    03/06/2015 02h00

    Em reunião com empresários, o governo Dilma ouviu que o pacote de concessões terá de conter regras que evitem investimentos pesados nos primeiros anos, para que os projetos tenham viabilidade econômica.

    Segundo executivos ouvidos pela Folha, o atual cenário de retração da economia, a escassez de crédito e concessões pouco atrativas não permitem planos que exijam grande gasto na fase inicial.

    Empresários do setor foram ouvidos individualmente e em grupos pelo governo.

    Na reta final da elaboração do plano, que deverá ser lançado na próxima terça (9), as reuniões têm sido marcadas pelo ceticismo e desconfiança dos investidores.

    Aloizio Pereira/Raw Image/Folhapress
    Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), que está no novo programa de concessões do governo Dilma Rousseff
    Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), que está no novo programa de concessões do governo Dilma Rousseff

    Um problema mencionado por empresários à Folha é a obrigatoriedade de duplicação de rodovias nos cinco primeiros anos, prevista no primeiro plano de concessões da presidente Dilma. Na atual conjuntura, afirmam empreiteiros, isso é inviável.

    A sugestão, que será apresentada oficialmente à presidente, é a criação de um gatilho. A duplicação teria de começar quando o tráfego na rodovia atingir determinado fluxo que justifique a obra.

    Empresários consideram que o pacote pode ser apenas uma "intenção de concessões", já que estudos e avaliações vão demandar pelo menos um ano. Gastos efetivos, somente a partir de 2017.

    O que pode sair mais rapidamente é um programa de novas obras de atuais concessionários de rodovias, ferrovias e portos, estimado em mais de R$ 30 bilhões.

    FILÉ

    Há dois problemas principais apontados pelo setor produtivo. O primeiro é que as concessões de agora têm menor capacidade de gerar receita (o que era chamado de filé já foi concedido).

    "Esse programa vai exigir um maior esforço de coordenação do governo. Os projetos são mais desafiadores, já que os melhores já foram", disse Paulo Cesena, diretor da Odebrecht Transport.

    Segundo ele, a maioria das empresas nacionais já toca projetos de longo prazo, o que as deixa mais seletivas.

    A maior preocupação é com o financiamento. O pacote de 2012 só foi possível graças a empréstimos do BNDES com juros baixos e prazos longos. As restrições orçamentárias agora impedem esse modelo.

    "O que pode fazer esse programa funcionar é ampliar os limites legais, para que tenhamos financiamentos com prazos e juros adequados e garantia de que o tempo da concessão é suficiente para dar retorno ao investimento", afirmou João Santana, presidente da construtora Constran, que defende prazos de concessão superiores aos atuais 30 anos.

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