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    o brasil que dá certo - inovação

    Emergentes devem desapegar-se de matérias-primas

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    11/06/2015 02h00

    Especialista nos estudos do desenvolvimento das nações, o economista Ricardo Haussmann, da universidade americana Harvard, diz que os países em desenvolvimento não devem ficar amarrados à ideia de elaborar suas matérias-primas para valorizá-las no mercado externo.

    O mantra, comumente repetido em países como o Brasil, pode ser uma estratégia "castradora" da busca de outras habilidades, afirma. "Não é algo errado, mas é uma estratégia extremamente limitada e limitante."

    INOVAÇÃO
    Desnvolvimento aposta em análise dados

    Segundo ele, obter matérias-primas para fabricar algo não é o determinante na competitividade dos países: "Os suíços não duvidaram em desenvolver a sua indústria de chocolate, mesmo que não tivessem uma plantação de cacau à sua disposição".

    Para ele, o beneficiamento de commodities pode adicionar "um pouquinho mais de valor" agregado a cadeias produtivas como a da soja.

    "E vamos vender frango e porco em vez de de vender soja. Ok. Mas isso é muito pequeno, é uma parte muito pequena do comércio mundial", afirma. Segundo ele, 50% dos bens transacionados no mundo são máquinas e 20% produtos fármacos.

    A localização geográfica dos países que fabricam esses produtos não é determinante. "A matéria-prima que importa é o conhecimento, é saber fazer, e as possibilidades de combinar as formas de saber fazer. Para o resto, basta ter um porto mais perto."

    PRODUTOS E PALAVRAS

    O economista explica de maneira simples o que faz com que algumas nações alcancem o desenvolvimento e outras fiquem para trás.

    Produtos fabricados pelos países são como palavras, ilustra Haussmann. Quanto mais letras uma nação tiver à sua disposição, mais palavras será capaz de formar.

    "Países das regiões mais pobres usam as mesmas letras. Por isso, fazem menos palavras e palavras menos complexas."

    Brasil e Argentina já estão no limite do que podem produzir com as "letras" que possuem. Ou seja, para retomar o crescimento, as economias desses países deverão ampliar o alfabeto.

    Para galgar graus de complexidade, é preciso ampliar as redes de conhecimento, diz o economista. A abertura das economias a investimentos e empresas estrangeiras e à imigração são formas de ampliar o vocabulário de maneira rápida e eficaz. "É mais fácil mover os cérebros para os países do que o conhecimento para os cérebros".

    Para ele, a estratégia de substituição de importações e proteção dos mercados domésticos contra produtos estrangeiros é ineficiente para gerar crescimento.

    "Há mais possibilidades de crescer exportando do que cativando seu próprio mercado. Ao fechar-se, a Argentina tem 40 milhões de consumidores. Exportando teria possibilidade de acessar 7 bilhões de pessoas. É uma estratégia muito mais abrangente."

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