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    o brasil que dá certo - inovação

    Crise exige adaptação de orçamento e de projetos nas grandes empresas

    TONI SCIARRETTA
    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO

    11/06/2015 02h00

    Se o ambiente é de crise e a necessidade de inovar é urgente, é preciso adaptar os projetos e a busca por financiamento às regras do jogo.

    Nas grandes empresas, em que a inovação faz parte do dia a dia, o momento é de priorizar projetos que propiciem retorno mais rápido.

    "É preciso ser mais seletivo, optar pelo desenvolvimento de produtos que reajam primeiro à retomada econômica e possibilitem ganho de mercado", afirma Valter Pieracciani, sócio da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, consultoria que atende grandes companhias, como Nestlé e CPFL.

    INOVAÇÃO
    Desnvolvimento aposta em análise dados

    Para quem está longe da rotina de multinacionais, a decisão de apostar na inovação pode ser ainda mais difícil. A situação econômica fala mais alto para iniciantes.

    "O novo investidor fica mais retraído. Isso não deveria ocorrer, porque são projetos que vão maturar em longo prazo. O investimento em inovação pressupõe vantagens competitivas e ganhos econômicos tão relevantes que vai superar a maioria dos outros tipos de investimento", diz Cassio Spina, presidente da Anjos do Brasil, associação sem fins lucrativos que estuda o segmento.

    Ilustrações Affonso/Editoria de Arte/Folhapress

    Segundo Clovis Meurer, presidente da Abvcap (associação de "private equity" e "venture capital"), as altas taxas de juros dificultam boa parte dos investimentos de risco, que, para terem o seu financiamento viabilizado, precisam de retornos muito superiores às demais aplicações disponíveis no mercado.

    No ano passado, os investimento em capital de risco já sofreram com o calendário apertado provocado pela Copa do Mundo e pelas incertezas no cenário político: caíram 19% em relação a 2013.

    Agora, o setor sofre um novo baque com a suspensão de recursos para pesquisa nas áreas de petróleo e gás, devido aos desdobramentos da Operação Lava Jato. "Há dois anos, esse era um dos setores que mais atraíam os investidores", diz Meurer.

    ALTERNATIVAS

    Com recursos escassos do mercado de capitais, a inovação encontrou no BNDES uma fonte importante de financiamento. No ano passado, o banco estatal liberou R$ 5,9 bilhões em empréstimos, volume 14% superior ao de 2013.

    Com a atuação voltada a projetos já selecionados por incubadoras e universidades, o BNDES também atua por meio de participação no capital de empresas com a BNDESPar.

    Neste ano, passou a financiar também, com dinheiro do Finame (linha voltada ao financiamento de máquinas e equipamentos), clientes das empresas de inovação na aquisição de tecnologia.

    Hoje, a BNDESPar aplica R$ 2,5 bilhões em 35 fundos com mais de 160 empresas na carteira, com faturamento de até R$ 10 milhões por ano.

    A BNDESPar tem ainda participações diretas em cerca de 30 empresas de inovação. Pela "incubadora" do BNDES já passaram empresas como Totvs, Bematech, Linx e Senior Solutions, que abriram o capital na Bolsa.

    O desempenho ruim do mercado de ações, no entanto, tem inviabilizado o lançamento de ações na Bolsa e dificultado a saída do BNDES e dos fundos de "private equity" das empresas inovadoras.

    Segundo a Abvcap, a venda de ativos das empresas que receberam recursos dos fundos, ou o "desinvestimento" no jargão do setor, caiu de R$ 5,7 bilhões, em 2013, para R$ 4,2 bilhões em 2014. O principal problema é que a dificuldade na saída trava a entrada de dinheiro para novos projetos.

    Outra alternativa à escassez de recursos no mercado de capitais é a Emprapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial). A organização social, criada em 2013 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, está ganhando força.

    Desde dezembro, colocou em andamento 19 projetos, no valor de R$ 30 milhões. A expectativa é fechar outros 40 nos próximos meses, totalizando R$ 130 milhões. O orçamento da instituição é de R$ 1,5 bilhão para os próximos quatro anos.

    A Embrapii atua por meio de acordos de cooperação com instituições de pesquisa cadastradas (hoje, são 13) que celebram diretamente acordos com as empresas. Assim que o contrato entre ambos é celebrado, os recursos são liberados. O modelo tem foco na demanda empresarial e na redução de burocracias.

    "O processo é mais rápido, no timing da indústria", diz José Luis Gordon, diretor da Embrapii. A instituição disponibiliza até um terço do valor total do projeto –o restante é dividido entre empresa e instituto parceiros.

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