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    Dilma quer fazer proposta comercial à Europa em julho

    LEANDRO COLON
    ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

    11/06/2015 02h00

    Diante da resistência da Argentina em acelerar o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, a presidente Dilma Rousseff assumiu de vez essa interlocução. O objetivo é selar o entendimento ainda neste ano.

    A presidente anunciou à UE nesta quarta-feira (10) em Bruxelas que o bloco está pronto para entregar sua oferta aos europeus, uma etapa necessária da discussão para que os dois lados fechem, enfim, uma negociação que se arrasta há 15 anos.

    "O Mercosul está em condições de apresentar a sua oferta e queremos que a UE nos diga que pode apresentar a sua", afirmou, após participar do primeiro dia da cúpula entre a UE e a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribe).

    18 DE JULHO

    Dilma desembarcou na Bélgica disposta a defender a data de 18 de julho, citada a assessores durante a viagem, para a troca de ofertas. Mas, como é período oficial de férias na Europa, esse prazo pode ser esticado até setembro.

    A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, apontada como pivô da demora nas negociações, não foi a Bruxelas, deixando a brasileira sozinha como porta-voz do Mercosul.

    Um encontro nesta quinta (11) entre os dois blocos vai discutir o tema. O ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) descartou, porém, a possibilidade de sair dessa conversa com uma data.

    O governo estima que as exportações para a UE possam aumentar em 20% com um acordo de livre comércio. Entre as principais áreas do pacote estão transporte, alimento, químico-farmacêutico e pesquisa.

    Na agricultura, as prioridades são, por exemplo, acúçar, cacau, suco, frutas e carnes, segundo a ministra da Agricultura, Kátia Abreu.

    IMPACIÊNCIA

    Presente à comitiva, Kátia Abreu disse que o governo não estava disposto a esperar mais pela Argentina, cujo comportamento protecionista tem entravado o diálogo.

    "Não tem jeito. Politicamente, para ela [Argentina], ficar pra trás hoje é muito ruim. Mas se não quiser, ou vem ou vai ficar [sozinha]", disse a ministra. "Estamos prontos para nossa oferta."

    O Palácio do Planalto tem costurado um consenso com os vizinhos, descartando qualquer tipo de proposta separada à dos colegas de Mercosul.

    Setores do governo Kirchner preferem empurrar o assunto para depois das eleições no país, marcadas para outubro –articulação que tem apoio na própria equipe de Dilma, como o do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.

    "Evidentemente todo mundo está consciente de que isso vai tomar o seu tempo, e esse tempo pode se combinar com a eleição argentina", disse Garcia, em Bruxelas.

    Presente à Bélgica, o ministro de Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, minimizou as divergências com o Brasil e disse que o país apoiará a troca de ofertas para acelerar o acordo com a União Europeia.

    "A Argentina vai fazer todo o possível para chegarmos a um acordo que beneficie a população do Mercosul", disse ao jornal "La Nacion".

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