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    Dólar fecha em queda com expectativa de entrada de recursos no país

    DE SÃO PAULO

    11/06/2015 18h26

    Após subir mais de 1% pela manhã e bater nos R$ 3,17 na venda, refletindo a decisão do Banco Central na véspera de reduzir suas atuações no câmbio a partir do pregão desta quinta-feira (11), o dólar inverteu a tendência e fechou o dia em baixa, com expectativa de entrada de recursos no país diante da sinalização de continuidade do aumento nos juros.

    O dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 0,22% sobre o real, para R$ 3,108 na venda. Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro e que tem fechamento mais cedo, por volta das 14h30 (de Brasília), não teve tempo de acompanhar a virada na cotação do dólar comercial e encerrou o pregão com valorização de 1,36%, para R$ 3,134.

    A alta do dólar no início do dia refletiu a decisão da autoridade monetária brasileira de cortar para até 6.300 o número de swaps oferecidos diariamente em leilão para estender ao próximo ano os prazos desses papéis que venceriam em julho. A operação equivale à venda futura de dólares. Desde o início do mês, o BC vinha ofertando 7.000 contratos todos os dias.

    Se mantiver o novo ritmo de rolagem de swaps até o penúltimo pregão do mês, como de praxe, o BC rolará cerca de 74% do lote total de contratos que vencem em julho, correspondente a US$ 8,742 bilhões. No mês passado, a autoridade havia rolado cerca de 80% do lote que venceu em junho.

    "É um sinal que o mercado não pode ignorar", disse em nota o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos. "O BC não esperou até o fim do mês para reduzir o ritmo de rolagens, o que indiretamente nos diz que as autoridades não veem com bons olhos o fortalecimento recente da taxa de câmbio."

    De acordo com o economista, "aparentemente as autoridades não querem cair na mesma armadilha de usar o câmbio como instrumento de controle da inflação", o que foi avaliado por Ramos como um passo "muito bem-vindo".

    A avaliação de especialistas ouvidos pela Folha é de que a decisão do BC foi pautada na expectativa de entrada de recursos no país, uma vez que a recente emissão de bônus de 100 anos pela Petrobras deve motivar novas captações de companhias no país, além do aumento da taxa básica de juros, a Selic, ainda em curso.

    O BC divulgou nesta quinta-feira a ata da sua última reunião de política monetária para explicar por que elevou a Selic, na semana passada, de 13,25% para 13,75% ao ano. O documento sinalizou que o ciclo de aperto monetário deve continuar, mesmo em cenário de retração do PIB e crescente taxa de desemprego.

    "Vamos esperar pelo relatório de inflação que deve ser divulgado até o final deste mês, no qual o BC dará detalhes sobre os cenários para a inflação", disse Carlos Pedroso, economista sênior do Banco de Tokyo-Mitsubishi, em nota. "Há uma boa chance de que a Selic em 14% ao ano possa ser suficiente para trazer a expectativa do BC para a inflação em 2016 a 4,5%, alcançando a meta do governo."

    PROJEÇÕES

    Após ata, a equipe econômica do Banco Pine elevou a projeção para a Selic no fim de 2015 de 14% para 14,75% ao ano. "Arriscando prognósticos para o futuro próximo, nós buscamos replicar o cenário de referência do próximo Relatório de Inflação, quando o BC incorporará a Selic de 13,75%", disseram os economistas Marco Maciel e Marco Caruso, em nota.

    "As nossas simulações apontam para a manutenção do IPCA (índice oficial de inflação) de 2016 acima de 4,5%. Se, de fato, o Banco Central pretende continuar o ciclo de alta dos juros até seus modelos sugerirem a convergência do IPCA para o centro da meta em 2016, então as nossas estimativas sugerem a necessidade de perseverança pelo BC no ritmo atual até 14,75% ao ano", completou a equipe econômica do Banco Pine.

    Uma taxa de juros maior tende a atrair recursos de investidores estrangeiros para o país, em busca de retornos mais atraentes. E, com mais dólares no mercado, a cotação da moeda tende a cair. Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest, alerta, no entanto, que este é um capital de curto prazo.

    "É especulativo. Não quer dizer que o investidor voltou a ficar otimista com o país. O governo tem tomado as medidas necessárias para tentar resgatar a economia, mas é um caminho doloroso, com corte em investimentos e aumento de impostos, o que afeta negativamente os mercados. Por isso, os movimentos das cotações em Bolsa e no câmbio têm sido pautados por operações de curto prazo", disse.

    BOLSA

    No mercado de ações, o principal índice da Bolsa brasileira começou o dia no azul, embalado pelo otimismo em relação a um acordo na Europa para amenizar a crise grega, mas inverteu a tendência no final da manhã diante de uma realização de lucros com ações de bancos e encerrou o dia no vermelho.

    O Ibovespa cedeu 0,35%, para 53.688 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,4 bilhões –abaixo da média diária do mês, em torno de R$ 7 bilhões. Os papéis do Itaú Unibanco recuaram 0,62%, para R$ 33,55, enquanto a ação preferencial do Bradesco, sem direito a voto, subiu 0,25%, para R$ 28,30, depois de oscilar entre perdas e ganhos. O Banco do Brasil caiu 0,60%, para R$ 23,07.

    O setor bancário é o segmento com maior participação no Ibovespa, e registrou forte alta na véspera, o que motivou investidores a vender papéis nesta quinta e embolsar lucros, segundo analistas.

    A ação preferencial da Vale ganhou 1,24%, para R$ 18,02, na esteira da valorização nos preços do minério de ferro no mercado à vista da China –principal destino das exportações da mineradora brasileira.

    A fabricante de aeronaves Embraer teve avanço de 0,13%, para R$ 23,45, após a Delta Air Lines anunciar que pretende adquirir 20 aeronaves E190 da Embraer atualmente em posse da Boeing.

    Com Reuters

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