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    Para Banco Central, aperto na taxa de juros levará a crescimento maior

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    15/06/2015 01h55

    Sergio Lima/Folhapress
    Entrada do Banco Central, que realiza semanalmente a pesquisa Focus entre economistas
    Entrada do Banco Central

    Alvo de críticas por sinalizar que o ciclo de alta de juros vai continuar mesmo com a forte retração econômica, a equipe do Banco Central diz acreditar "piamente" que a média de crescimento da economia nos próximos quatro anos "será maior" com sua estratégia de levar a inflação para o centro da meta, de 4,5%, no fim de 2016.

    Em conversas com interlocutores, dirigentes do BC dizem confiar em que a "média do PIB nos próximos quatro anos será maior na nossa estratégia" e que "gradualismo sempre é bom na teoria, dói menos, mas não gera os resultados necessários".

    Neste início de segundo mandato, o BC passou a ser alvo de críticas de assessores presidenciais e até de alguns analistas de mercado por "exagerar" na dose de aperto na política monetária, contribuindo para uma freada ainda maior da economia neste ano -as previsões do governo apontam para uma retração de 1,2% no PIB, mas no mercado já se fala em 2%.

    O tom atual das queixas é oposto ao do primeiro mandato, quando a equipe de Alexandre Tombini foi acusada de ser leniente com a inflação, adotando uma política monetária muito frouxa e gradual, que hoje critica. Resultado: o IPCA ficou sempre perto do teto da meta, de 6,5%.

    Em sua nova fase, quando definiu que fará o que "for necessário" para levar a inflação ao centro da meta em dezembro de 2016, o BC diz que, se mudasse sua estratégia por causa do freio da economia, o resultado seria uma "inflação corrente ainda maior do que a de hoje, que já está alta".

    Na avaliação interna do BC, a decisão de fixar dezembro de 2016 como ponto para levar a inflação para o centro da meta foi tomada por se tratar de uma data "factível" e "crível", um prazo suficiente para começar a mudar o comportamento dos agentes econômicos sobre a economia.

    DÚVIDAS

    Analistas duvidam, porém, que o BC conseguirá levar a inflação para 4,5% no fim do próximo ano. As previsões apontam, hoje, que o IPCA ficará em 5,5%, o que é visto no mercado como avanço e poderia levar o banco a parar de subir os juros para evitar uma freada maior na economia.

    O BC, contudo, acredita que "ainda não chegou" a seu objetivo e que precisa seguir trabalhando para "maximizar a probabilidade de a inflação convergir para o centro da meta em dezembro de 2016". Ou seja, tem de seguir subindo os juros para derrubar a inflação, que hoje, em 12 meses, está em 8,47%.

    A expectativa, porém, é que os modelos do BC indiquem que ele já está se aproximando de seu alvo depois da mais recente alta dos juros, de 13,25% para 13,75% ao ano, no início do mês.

    Segundo técnicos, o próximo Relatório de Inflação do BC, a ser divulgado no fim do mês, pode sinalizar que o aumento de juros de junho já pode indicar inflação na casa de 5% em dezembro de 2016. Ou seja, o ciclo de aperto monetário estaria perto do fim.

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