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    Comércio tem queda de 0,4% em abril, pior resultado para o mês desde 2001

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    16/06/2015 09h06

    Joel Silva/Folhapress
    Supermercado em São Paulo; comércio teve neste ano pior mês de abril desde 2001
    Supermercado em São Paulo; comércio teve neste ano pior mês de abril desde 2001

    A queda nas vendas do comércio varejista surpreendeu e atingiu o índice de 0,4% na passagem de março para abril na série livre de efeitos sazonais (como o número de dias do mês), informou o IBGE nesta terça-feira (16). É o pior resultado para o mês desde abril de 2001 (-0,5%).

    A expectativa de analistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg era de que houvesse alta de 0,70% no mês. A agência Reuters também detectava alta, de 0,60%.

    O mau resultado foi puxado pelos setores de vestuário e calçados, móveis e eletrodomésticos e equipamentos para materiais de escritório (leia mais abaixo).

    Esta foi a terceira queda consecutiva das vendas nessa base de comparação, após resultados negativos em fevereiro (-0,4%) e março (-1%).

    É a primeira vez que as vendas do comércio têm três meses de quedas consecutivas nessa base de comparação desde 2003, período de março, abril e maio.

    Vendas no varejo

    Com isso, o mês de abril teve queda de 3,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado, queda também mais intensa do que a de 1,8% prevista pela Bloomberg.

    Trata-se do pior resultado para meses de abril desde 2003 (-3,7%), quando a economia foi afetada pelas incertezas sobre como seria o primeiro governo Lula.

    "Em março as vendas cresceram 0,3% ajudadas pela Páscoa. Desta vez, prevaleceu a conjuntura da economia", disse Juliana Vasconcellos, gerente do IBGE.

    As vendas seguem pressionadas pelo menor ritmo da economia, mercado de trabalho desaquecido, crédito restrito e inflação em alta.

    No ano, o setor acumula queda de 1,5%. Em 12 meses encerrados em abril, as vendas acumulam pequena alta de 0,2%.

    SETORES

    Das dez atividades acompanhadas pelo IBGE, sete tiveram queda na passagem de março para abril, série livre de efeitos sazonais.

    As maiores variações negativas foram em tecidos, vestuário e calçados (-3,8%), móveis e eletrodomésticos (-3,1%) e equipamentos para materiais de escritório (-12,2%).

    As vendas do setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumos cresceu 1,9%, após a queda de 2,1% registrada em abril.

    Quando comparado com abril do ano passado, o maior impacto das vendas foi em móveis e eletrodomésticos (-16%), efeito da retirada de incentivos tributários do governo.

    "Isso tem a ver com o crédito, que encolheu. A retirada do incentivo de IPI, preços e menor renda são os fatores que influenciam o comércio", explica a gerente do IBGE.

    Na base de comparação entre abril deste ano e do ano passado, a segunda maior contribuição negativa veio de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com queda de 2,3% frente a abril de 2014.

    Os destaques positivos ficaram para produtos farmacêuticos (6,2%), com ajuda de preços abaixo da inflação, e equipamentos de informática (2,7%).

    VAREJO AMPLIADO

    O IBGE também calcula na pesquisa a venda do varejo ampliado, que considera alguns setores que fornecem produtos que também atendem ao atacado.

    Neste caso, as vendas tiveram uma queda ainda maior em abril, de 8,5% na comparação ao mesmo mês do ano passado. E de 0,3% frente a março.

    O impacto na passagem de março para abril veio do setor de material de construção, com queda de 1,2%. Veículos e motos tiveram alta de 4,4% no mês.

    "O aumento de veículos é um efeito estatístico do ajuste sazonal. O setor não reagiu. O número que reflete a realidade do setor é o que compara abril 2014 e abril 2015", disse Juliana.

    Em abril deste ano, em comparação ao mesmo mês de 2015, as vendas de veículos e motos, partes e peças encolheu 19,5%, segundo dados do IBGE.

    FATURAMENTO

    O IBGE mede o desempenho do varejo pelo volume vendido de produtos, mas também divulga a receita nominal (sem descontar a inflação) dessas vendas. E o resultado é um aumento da receita.

    Na passagem de março para abril, as vendas do setor sem descontar a inflação cresceram 0,3%. Frente ao mesmo mês de 2014, a receita cresceu 2,5%.

    Segundo Vitor França, assessor econômica da Fecomércio-SP, o que explica o aumento da receita do varejo, num momento de queda do volume vendido, é o avanço dos preços do setor.

    "É bastante claro sobretudo nos supermercado, que tem uma rápida reação a preços. E alimentos está forte", disse França.

    Em abril deste ano, o IPCA, que mede a inflação oficial brasileira, foi de 0,71%. A taxa de 12 meses foi de 8,17%, a maior taxa para o período desde dezembro de 2003 (9,3%).

    Julia Chequer/Folhapress
    Consumidores compram ovos de Páscoa em supermercado da Bela Vista, no centro de São Paulo, em abril
    Consumidora compra ovos de Páscoa em supermercado da Bela Vista, no centro de São Paulo, em abril

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