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    Com negócios ligados ao 'rei da soja', fazenda-modelo vira 'favela rural'

    MARCELO TOLEDO
    DE RIBEIRÃO PRETO

    17/06/2015 02h00

    Uma fazenda-modelo foi desapropriada e virou uma "favela rural", mas ainda há negócios ligados à família de Olacyr de Moraes em Mato Grosso, Estado em que ele obteve resultados expressivos no agronegócio e é visto como um "visionário". O 'rei da soja' morreu aos 84 anos nesta terça-feira (16) em São Paulo.

    Os negócios atribuídos ainda hoje à família do empresário vão de uma usina de açúcar, etanol e energia a uma outra fazenda, arrendada.

    Em Tangará da Serra (MT), a família tem uma propriedade rural, arrendada, que ocupa também parte do município de Campo Novo.

    "É uma propriedade de 70 mil hectares, arrendada para o Blairo Maggi [ex-governador, atual senador do PR], com soja e algodão. O agronegócio deve muito ao Olacyr, que acreditou ser possível plantar soja no Cerrado", disse o presidente do Sindicato Rural de Tangará da Serra, Vanderlei Reck Junior.

    Mas, se alguns negócios estão de pé, outros já deixaram de pertencer a Moraes, como a fazenda Itamarati, em Ponta Porã (MS). Hoje praticamente nada lembra que ali um dia foi uma das mais importantes propriedades do agronegócio brasileiro.

    Com a derrocada econômica do empresário, a fazenda foi desapropriada pelo Incra e transformada em assentamento. O local abriga cerca de 3.000 famílias, muitas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

    Antigos armazéns utilizados para guardar grãos apodreceram e a produtividade de outrora não faz mais parte do cotidiano.

    "Para falar o português claro, a Itamarati é uma favela rural. Não produz o que poderia e só 30% dos assentados sobrevivem da atividade", disse o presidente do Sindicato Rural de Ponta Porã, Jean Pierre Paes Martins.

    O MST afirmou na terça-feira (23) que o Itamarati é considerado um assentamento modelo, em produção e cooperativismo, e que tem "muito orgulho de ter neste local muitas famílias assentadas, que conseguiram o seu pedaço de terra e hoje são produtores cooperados, que conseguem garantir dignamente o seu sustento e o de sua família".

    O movimento informou ainda que hoje o assentamento tem mais de 20 mil pessoas, enquanto empregava somente 1.200 pessoas quando era um "grande latifúndio".

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