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    o brasil que dá certo - saúde

    Prevenção corta custo de planos de saúde com internação

    RENATA AGOSTINI
    DE SÃO PAULO

    18/06/2015 02h00

    Todos os meses, os oito núcleos de medicina preventiva da operadora Hapvida, concentrados no Nordeste, recebem 3.500 idosos em busca de atividades de fisioterapia e atendimento de geriatras, psicólogos e nutricionistas.

    A rotina repete-se nos centros de atendimento da NotreDame Intermédica espalhados por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

    SAÚDE
    Setor amadurece e se volta a país mais idoso

    Os programas de prevenção e as ações para o diagnóstico precoce são as principais ferramentas dos planos de saúde para mitigar o aumento de custos com o atendimento ao idoso.

    Com o envelhecimento da população, cresce a participação de segurados com 60 anos ou mais na carteira total (veja quadro).

    Por ter a saúde mais frágil, esse público tende a recorrer mais a internações, exames e atendimentos de emergência. E pressionam os custos das operadoras.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Dados do sistema público de saúde dão a dimensão do problema. Em 2010, quando houve o último Censo, os idosos eram cerca de 11% da população. Mas consumiam 30% dos gastos com serviços hospitalares –não há dados para a saúde suplementar.

    "Estudos mostram que, em mais de 70% dos casos, conseguiríamos evitar a hospitalização com técnicas simples de cuidado com o idoso enquanto ele está no baixo risco", diz Martha de Oliveira, diretora-presidente da ANS.

    O gasto médio com internação quase dobrou entre 2007 e 2013 (último dado disponível), enquanto a inflação ficou em 41%. Para as operadoras, deixar os idosos fora dos hospitais, que também se queixam da alta de custos, é central para a sobrevivência.

    Em geral, os programas de prevenção envolvem equipes multidisciplinares e as atividades são gratuitas. Os idosos recebem convites para participar a partir de cartas ou contato telefônico. Muitas vezes a abordagem é feita por meio de familiares para aumentar as chances de adesão.

    "Tem de aculturar a população. O programa depende crucialmente da adesão. É uma experiência ainda em curso", diz Marcio Coriolano, presidente da Bradesco Saúde, a maior do país.

    Na operadora Amil, a vice-líder do setor, 17% dos cerca de 4 milhões de segurados já são idosos. Na carteira de planos individuais, em dois anos, a proporção saltou de 12,5% para 17,5%.

    Com isso, a empresa, que já possui dois programas voltados ao atendimento de clientes com idade avançada, dará início a um projeto-piloto de médico de família. "O objetivo é proporcionar um atendimento mais próximo, aumentando o engajamento", diz Hans Dohmann, diretor de gestão de saúde da Amil.

    RESULTADOS

    O investimento costuma compensar. A NotreDame Intermédica afirma que, com os programas de prevenção, conseguiu reduzir em 42% o número de internações de idosos e em 60% o número de fraturas no fêmur, uma das principais causas de hospitalização e morte na população de mais idade, desde 2005.

    "Um segurado acima de 60 anos custa três vezes mais do que um na faixa de 20 a 40 anos. Nossa prioridade agora é fazer prevenção desde os 20 anos", diz Irlau Machado Filho, presidente da NotreDame Intermédica, que tem 1,4 milhão de beneficiários.

    Para a ANS, é preciso garantir também o diagnóstico célere. A agência pretende colocar em operação, no prazo de um a dois anos, um sistema nacional que permita o registro do histórico de atendimento dos segurados.

    A HapVida já mantém um sistema de prontuário eletrônico. Nas 209 unidades próprias da operadora, a terceira maior do país, consultas e exame são registrados no sistema, facilitando futuros atendimentos. Segundo a operadora, os programas de prevenção e os sistemas para seleção de pacientes e controle de histórico permitiram estabilizar o gasto com idosos –ele é 185% superior ao dos beneficiários de até 58 anos.

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