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    Grécia não chega a acordo e aumenta risco de calote na zona do euro

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    18/06/2015 14h46

    Os ministros de Finanças da zona do euro não chegaram a um acordo com a Grécia nesta quinta-feira (18) para evitar um calote aos credores e baixar o risco de o país deixar o bloco da moeda única.

    Os chefes das 19 economias do grupo reuniram-se por cerca de quatro horas em Luxemburgo para encontrar uma solução que impeça o colapso grego a partir de julho. Esse encontro era considerado decisivo.

    O presidente do Eurogroup, Jeroen Dijsselbloem, anunciou a falta de um acordo, mas disse que uma solução ainda é viável nos próximos dias. "Pensamos que ainda é possível", afirmou.

    Louisa Gouliamaki/AFP
    Primeiro ministro grego, Alexis Tsipras, no Parlamento, em Atenas
    Primeiro ministro grego, Alexis Tsipras, no Parlamento, em Atenas

    Dijsselbloem afirmou lamentar a falta de consenso e disse que a Grécia recebeu um "forte sinal" dos ministros para se engajar "seriamente" nas negociações com uma proposta que seja "crível".

    A presidente do FMI, Christine Lagarde, afirmou ainda que o diálogo com a Grécia precisa ser com "adultos na sala".

    A Grécia negocia com o BCE (Banco Central Europeu) e o FMI (Fundo Monetário Internacional) o desbloqueio de uma ajuda de € 7,2 bilhões, última parcela do socorro de € 240 bilhões recebido de ambos nos últimos cinco anos. A verba serviria para manter sua recuperação e quitar, até 30 de junho, uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI.

    Diante do impasse e do prazo se esgotando, os líderes dos países do bloco marcaram reunião de emergência na próxima segunda-feira (22), em Bruxelas. A informação foi confirmada pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

    O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, do partido de esquerda Siryza, diz que sem o dinheiro não tem como pagar o débito.

    Se não conseguir acesso aos € 7,2 bilhões até o fim do mês, Atenas dará o o calote e poderá ficar, pela primeira vez em cinco anos, sem um suporte financeiro externo, aumentando a pressão para que deixe a zona do euro.

    A chanceler alemã, Angela Merkel, reafirmou nesta quinta-feira que espera uma sinalização de "vontade" da Grécia em aceitar as condições impostas para receber a parcela de € 7,2 bilhões. "Onde há um desejo, há um caminho", disse.

    Em troca da liberação da verba, líderes europeus cobram medidas de austeridade consideradas inviáveis por Alexis Tsipras, eleito em janeiro com a bandeira contra os cortes de gastos implementados pelos governos anteriores, de centro-direita.

    FMI e BCE cobram, entre outras coisas, corte em despesas da Previdência, além do aumento de impostos no setor elétrico. O governo grego acusa os credores de tentaram "estrangular" e "humilhar" o país.

    O efeito do calote seria imediato, com os bancos gregos tendo de conter os saques para evitar a insolvência.

    Esse cenário dependeria também de uma ação do governo para limitar as retiradas de dinheiro, causando desgaste político para Tsipras e seu partido. Simpatizantes do Syriza já têm ido às ruas de Atenas defender a postura do seu líder.

    Tsipras participa nesta quinta de um fórum econômico em São Petersburgo. Ele deve aproveitar a viagem para se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin. Apesar da especulação, seus aliados negam qualquer tipo de pedido de socorro financeiro a Moscou.

    APELO

    O Banco Central da Grécia fez um apelo nesta quarta (17) e afirmou que um calote pode levar o país a um "crise incontrolável" e um "curso doloroso", com "grandes riscos" para o sistema bancário e a estabilidade financeira.

    "Um novo acordo é de extrema importância para afastar os riscos imediatos para a economia, reduzir a incerteza e garantir perspectiva de crescimento sustentável para a Grécia", afirmou, em comunicado. Segundo o BC grego, cerca de € 30 bilhões foram sacados no país entre outubro e abril.

    A Grécia até indicou uma recuperação econômica no fim de 2014, com um crescimento de 0,8%, mas o desemprego continua o mais alto da Europa, 25%, e a dívida pública ronda os 175% do PIB (era de 129% em 2009) em um país cuja economia encolheu 25% nos últimos cinco anos.

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