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    EUA entregam ao país 2 obras de Edemar avaliadas em US$ 13 mi

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    19/06/2015 02h00

    Reprodução
    Tela 'Hannibal', do americano Jean-Michel Basquiat
    Tela 'Hannibal', do americano Jean-Michel Basquiat

    Duas obras que pertenceram à coleção do banqueiro Edemar Cid Ferreira, cujo preço pode alcançar US$ 13 milhões, foram devolvidas nesta quinta-feira (18) a autoridades brasileiras em Nova York.

    Os trabalhos são a tela "Hannibal", do pintor norte-americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988), avaliada entre US$ 8 milhões e US$ 12 milhões, e uma escultura romana em mármore, chamada genericamente de "Togatus Romanus", cujo preço pode variar de US$ 600 mil a US$ 900 mil, segundo especialistas consultadas pela massa falida do banco.

    O Banco Santos quebrou em 2005, deixando um rombo de R$ 3,4 bilhões.

    Vanio Aguiar, que administra a massa falido, disse à Folha que o governo americano já recuperou outras 90 obras do ex-banqueiro e deve devolvê-las em quatro meses.

    As duas obras recuperadas foram colocadas à venda nos EUA por uma empresa, a Wailea, cujo controle é atribuído a Edemar, segundo Aguiar.

    Todas as obras devem ser leiloadas por Christie's ou Sothebys, as principais casas de leilão do mundo. Os valores serão usados para cobrir a dívida que Edemar deixou com os credores. Por isso, o Basquiat e a escultura romana ficaram em Nova York.

    A expectativa da massa falida é recuperar US$ 30 milhões com a venda das obras.

    Outras três obras importantes que já haviam sido recuperadas (Roy Lichtenstein, Torres-García e Serge Poliakoff) também serão vendidas. A casa, que também vai a leilão, está avaliada em US$ 118 milhões.

    A RECUPERAÇÃO

    As obras foram recuperadas pelo FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, depois que duas reportagens da Folha, publicadas em 2006, revelaram que as obras mais caras da coleção de Edemar haviam sumido. A reportagem partiu de uma foto de Edemar justamente com a tela de Basquiat, publicada numa reportagem da revista "IstoÉ Gente", de 2004.

    Uma perícia feita após a reportagem apontou que faltavam pelo menos 17 trabalhos da coleção, entre as quais os mais caros, como uma escultura de Henry Moore (1898-1986) que havia sido comprada por US$ 1,475 milhão.

    Só para comparar: Edemar havia pago US$ 825 mil pelo Basquiat há mais de uma década. Nesse período, o mercado de arte passou por uma forte alta de preços.

    Investigadores internacionais descobriram que o sumiço era maior: mais de cem obras haviam desaparecido.

    Edemar sempre negou que tenha retirado as obras do Brasil para evitar o confisco pelos credores do banco.

    Ele não foi localizado para comentar a recuperação.

    Condenado a 21 anos de prisão, o ex-banqueiro teve a pena anulada pelo Tribunal Regional Federal por erros processuais: advogados de outros réus não puderam fazer perguntas a Edemar, como determina a lei.

    O juiz federal que cuidou do julgamento, o atual desembargador federal Fausto Martin de Sanctis, disse que foi o próprio Edemar que pediu para não ser arguido pelos outros advogados.

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