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    Brasil deve usar Olimpíada para atrair atenção, diz fundador da Wikipedia

    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    20/06/2015 02h00

    Kirsty Wigglesworth - 1.nov.11/AFP
    Jimmy Wales fala durante a conferência London Cyberspace, na capital inglesa
    Jimmy Wales fala durante a conferência London Cyberspace, na capital inglesa

    O fundador mais conhecido da enciclopédia livre Wikipédia, Jimmy Wales, um habitué das listas de pessoas mais influentes do mundo, já planeja trazer seu novo projeto ao Brasil. O TPO (The People's Operator) é uma operadora virtual fundada em 2012, que direciona recursos para caridade. Para ele, o Brasil tem características de um potencial celeiro para inovações tecnológicas e é um mercado que lhe interessa.

    Wales está no Brasil para participar do ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento, do qual a Folha é parceira. Ele fala em Porto Alegre nesta segunda (22) e em São Paulo na quarta (24). Em ambas as cidades, seu discurso será sobre "A Internet e a construção da democracia".

    Na capital paulista, as conferências serão realizadas no Teatro Cetip-Complexo Ohtake Cultural; em Porto Alegre, no Salão de Atos da UFRGS. Os ingressos estão esgotados para todas as conferências da edição 2015 do Fronteiras na duas cidades.

    O Fronteiras do Pensamento consiste em uma série de palestras, proferidas por pensadores globais, em torno de um tema comum. O assunto deste ano é. "Como Viver Juntos?" —tema também tratado em cobertura especial Folha.

    Em São Paulo, a abertura do evento foi em 27 de maio, com o biólogo Richard Dawkins, defensor ferrenho do ateísmo.

    *

    Folha - Como funciona seu novo projeto, o TPO?

    Jimmy Wales - O The People's Operator é uma nova operadora, em que 10% da conta é direcionado pelo usuário a uma causa escolhida por ele e 25% do lucro da companhia vai para caridade. Os 10% substituem a verba de marketing. Em vez de termos publicidade, resolvemos doar para causas sociais escolhidas pelos usuários e pedir a eles que espalhem a mensagem.

    Quantos assinantes já tem?
    Dobramos nosso número nos últimos três meses no Reino Unido, para mais de 30 mil. E estamos preparando o lançamento nos EUA nas próximas semanas.

    E o Brasil?
    Estamos muito interessados como mercado para o TPO no futuro. Não é tão iminente. Estamos no começo das discussões. Ainda somos uma empresa pequena e estamos focados no lançamento dos EUA. Quando isso estiver pronto, vamos explorar o que vem depois. Queremos que isso cresça e se transforme em marca global famosa e que seja útil.

    O que start-ups do Brasil precisam para atrair investidor?
    Normalmente é importante que haja o apoio de políticas de governo para facilitar a atração de investidores. Eu vejo que o país tem uma grande oportunidade pois tem um mercado doméstico muito grande. Então vocês podem testar o clima e depois sair globalmente. E tudo é global hoje em dia.

    Como o senhor avalia a comunidade tecnológica brasileira?
    O Brasil sempre foi um mercado importante para nós para compartilhar cultura e conhecimento criativo. A Wikipédia sempre teve sucesso no país. Há muita motivação em torno da tecnologia. O país é interessante por ser um mercado emergente. Vai ver impactos enormes nos próximos anos no uso de smartphones em comunidades pobres que nunca tiveram acesso à internet. Isso vai trazer um grande impacto na economia à medida que tais pessoas tiverem mais acesso a conexão e educação. É claro que isso não acontece da noite para o dia, mas no longo prazo é possível. O Brasil já tem reputação de ser um país criativo. Vivo em Londres e sei que ter Olimpíada atrai atenção. Vocês tiveram a Copa, agora vem a Olimpíada.

    Recentemente o senhor disse que Londres é melhor que o Vale do Silício.
    [Risos] Foi só um comentário que acabaram levando para a manchete. São Francisco é um ótimo lugar para start-ups. Eu só queria dizer que para um jovem que está procurando um lugar para viver, Londres é multicultural. Se comparar com Palo Alto, no Vale do Silício, é uma cidade pequena, de pouca diversão.

    A internet vai democratizar os países em desenvolvimento e promover competitividade? Isso já começou?
    Definitivamente. As pessoas estão engajadas politicamente, tem havido manifestações pacíficas em locais onde nunca se imaginou, organizadas na internet. Comunidades que politicamente nunca tiveram muita voz, porque sempre foram apartadas da informação, agora começam a ter oportunidade.

    Como a internet pode ajudar a combater monopólios e o controle da mídia?
    Isso é particularmente importante em países onde a mídia é totalmente controlada pelos governos. Em muitos países, as pessoas compreendem que o único lugar para encontrarem informação confiável sobre corrupção do governo, por exemplo, é a internet, que também é a referência para outras informação. É uma mudança muito poderosa pois impede os governos de manter as pessoas alienadas.

    Acadêmicos criticam a pesquisa na Wikipédia e até o senhor já fez ressalvas.
    Isso costumava ser mais verdade. Atualmente, muitos acadêmicos já aceitam Wikipédia e começam a apreciá-la. Para estudantes de nível universitário, não é bom usar Wikipédia como fonte. Não por questões de qualidade, mas pela mesma razão pela qual não se deveria usar uma enciclopédia tradicional. Isso é coisa que um adolescente pode fazer, mas na universidade é bom ter mais profundidade.

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