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    Concessões federais podem render R$ 11 bi a pequenas empresas, diz estudo

    FERNANDA PERRIN
    DE SÃO PAULO

    22/06/2015 02h00

    O Plano de Investimento em Logística (PIL), anunciado pela presidente Dilma Rousseff no início do mês, pode representar R$ 11,4 bilhões em negócios para as pequenas e médias empresas (PMEs), segundo estudo realizado pelo Sebrae.

    A estimativa é calculada com base na participação média das PMEs na cadeia produtiva de grandes empresas, que devem abocanhar as concessões de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias previstas no pacote.

    Na primeira fase, as principais oportunidades estão no fornecimento para construtoras responsáveis pelas obras. Durante a operação, a demanda é por serviços de manutenção, como limpeza, paisagismo e vigilância.

    Para as pequenas, os aeroportos são uma aposta atraente porque demandam obras complexas que envolvem várias empresas, avalia Cláudio Frischtak, da consultoria internacional Inter.B.

    "São três negócios em um só: é um shopping, é uma operação logística de altíssima qualidade e é uma operação imobiliária", afirma.

    Há ainda espaço para fornecimento para o varejo dos terminais, como alimentos.

    Entrar na cadeia das grandes, contudo, não é fácil. É necessário atender a exigências que vão da regularização de documentos à capacidade de atender grandes demandas em prazos curtos.

    A Confederação Nacional da Indústria e o Sebrae desenvolvem programas de qualificação de fornecedores.

    Em parceria com o Consórcio GRU Airport, o Sebrae criou um projeto específico para pequenos empreendedores interessados em se tornarem fornecedores do aeroporto de Cumbica.

    João Calixto, 52, dono da Saudável Alimentos, em Guarulhos, foi um dos selecionados. Para conseguir atender ao aumento de demanda, ele recebeu capacitação para lidar com inadimplência e até equipamentos. Ele diz que, com o atendimento ao aeroporto, seu faturamento cresceu 30% em um ano.

    A previsão é que parcerias semelhantes sejam desenvolvidas nos aeroportos de Brasília e Viracopos, diz Luiz Barretto, presidente do Sebrae.

    Danilo Verpa/Folhapress
    João Calixto, 52, na sua empresa em Guarulhos
    João Calixto, 52, na sua empresa em Guarulhos

    ESTRATÉGIA

    As construtoras responsáveis por rodovias tendem a buscar fornecedores locais para diminuir custos, em razão da localização em geral mais afastada dessas obras. Destaca-se a demanda por material de construção, transporte e alimentação de trabalhadores, além de equipamentos de segurança.

    As rodovias de Paraná/Santa Catarina e Mato Grosso/Goiás são as que têm mais chance de sair ainda este ano, diz Gabriel Kohlmann, gerente da consultoria Prospectiva.

    A estratégia de José Montoiro, 54, dono da Trelicon Pré-Moldados, é "pegar o serviço pequeno que ninguém quer". Seu produto principal é laje, mas ele fornece de postes a gavetas para o cemitério do Rio de Janeiro. Os principais clientes da Trelicon são a Odebrecht e a OAS.

    "Meu maior problema é capital de giro. Quando fecho um contrato de R$ 1 milhão, só de aço às vezes é R$ 600 mil", diz Montoiro, que conta ter saído recentemente de uma obra da Queiroz Galvão por ser muito grande.

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