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    Negociação avança e acordo com a Grécia pode sair na quarta

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    22/06/2015 18h58

    Os líderes da zona do euro anunciaram que o acordo para evitar o calote da Grécia avançou e pode ser selado na próxima quarta-feira (24).

    Depois de quatro horas de reunião em Bruxelas, os chefes dos países do bloco avaliaram nesta segunda (22) como positiva a nova proposta grega, faltando apenas detalhes técnicos com os credores para ser aceita e ratificada.

    "Um resultado pode ser atingido na noite de quarta-feira e apresentado na quinta (25) pela manhã", afirmou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. "Nós avançamos e todos os lados estão comprometidos em buscar solução", ressaltou. Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse estar "convencido" de que a negociação vai ser "finalizada" nesta semana.

    A ideia é que os ministros de Finanças da zona do euro se reúnam na quarta à noite para definir o assunto antes de quinta, quando começa um encontro de dois dias, sobre outros temas, entre os líderes da União Europeia.

    Depois de dias de conversas frustradas, lideranças se encontraram para analisar a proposta feita no domingo (21) pela Grécia para pagar uma dívida de € 1,6 bilhão com o FMI (Fundo Monetário Internacional) que expira no próximo dia 30. Para quitá-la, o país tenta desbloquear € 7,2 bilhões, a última parte do socorro de € 240 bilhões recebido do FMI e BCE (Banco Central Europeu) desde 2010.

    Sob risco de ser obrigado a sair da zona do euro e com o prazo se esgotando, o governo grego cedeu às exigências de compromissos fiscais e apresentou um pacote que aumenta a arrecadação em € 8 bilhões até o fim de 2016. A proposta inclui nova incidência de impostos e reforma na Previdência, como queriam os credores.

    A reunião contou com a presença da chanceler alemã, Angela Merkel, um dos principais interlocutores das negociações com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza.

    A proposta de Tsipras pode ter resistência na população local já que ele foi eleito em janeiro sob o discurso contrário a medidas de austeridade. O premiê afirmou em Bruxelas que era hora para um "acordo viável e substancial" para a Grécia retomar o crescimento na zona do euro.

    A Grécia se comprometeu com reformas que devem aumentar a arrecadação em 1,57% do PIB neste ano (€ 2,7 bilhões) e em 2,9% em 2016 ( € 5,2 bilhões). Somente por meio de uma reforma no IVA, o imposto de valor agregado, os gregos prometem gerar € 1,4 bilhão. A proposta menciona três faixas de incidência, de 23%, 13% e 6%, sendo alimentos, energia e hotelaria no patamar intermediário.

    A principal resistência que o primeiro-ministro Alexis Tsipras terá no seu país será a reforma no sistema previdenciário. Ele prometeu em Bruxelas arrecadar mais 1,1% do PIB ( € 2,5 bilhões) com mudanças no setor. O ponto mais delicado é a redução de benefícios para quem optar pela antecipação da aposentadoria - entre as medidas está o limite de 67 anos para se aposentar em 2025.

    A proposta menciona também a arrecadação de € 100 milhões sobre publicidade em televisão, além de reduzir em € 200 milhões os gastos com Defesa. O governo se comprometeu com um superávit primário de 1% em 2015, 2% em 2016, chegando a 3,5% em 2018. "Vamos ter o apoio da população, porque todos sabem que, pela primeira vez, o governo está negociando e não aceitando imposições", disse à Folha a deputada Theano Fotiou, do Siryza.

    Logo no começo da reunião em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu fez um discurso duro para os dois lados da negociação: "Hoje quero todas as cartas na mesa. Não significa que vamos negociar detalhes técnicos, mas quero terminar logo esse jogo político".

    O efeito do calote no FMI seria imediato, com os bancos gregos tendo de conter saques –pelo menos € 5 bilhões foram retirados na semana passada. Em resposta para dar uma sobrevida, o BCE aumentou a margem de assistência de liquidez de emergência ao bancos gregos em pelo menos € 1,75 bilhão.
    A Grécia cresceu 0,8% em 2014, mas o desemprego continua o maior da Europa (25%), a dívida pública ronda 175% do PIB (era 129% em 2009) e a economia encolheu 25% em cinco anos.

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