• Mercado

    Thursday, 02-May-2024 20:36:13 -03

    Petrobras vai propor corte de até 30% em investimentos em 5 anos

    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA
    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    24/06/2015 02h00

    O Plano de Negócios da Petrobras para o período de 2015 a 2019 prevê uma redução de 27% a 30% no valor a ser investido. O plano foi discutido nesta terça (23) durante reunião de diretoria na sede da estatal, no Rio. O plano será apresentado ao conselho de administração da companhia na próxima sexta-feira (26).

    Segundo a Folha apurou, a ideia é apresentar ao conselho um "plano de negócios mais enxuto", em função da nova realidade de caixa da empresa, que sofre com a queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional e com as dificuldades financeiras decorrentes do escândalo de corrupção.

    Além disso, a empresa vê sua dívida crescer por conta da valorização do dólar.

    O Conselho de Administração da Petrobras deverá discutir o tema em reunião na próxima sexta-feira, segundo fontes com conhecimento do assunto.

    Em nota divulgada nesta quarta após circular a informação de que haverá cortes no investimento, a Petrobras afirmou que o Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 ainda está em elaboração.

    A empresa limitou-se a dizer que "fatos julgados relevantes serão oportunamente comunicados ao mercado".

    A divulgação do plano deve ocorrer na segunda-feira.

    Dado Galdieri - 11.jul.2013/Bloomberg
    Plataforma da Petrobras em Angra dos Reis (RJ)
    Plataforma da Petrobras em Angra dos Reis (RJ)

    O plano anterior, para o período de 2014 a 2018, totalizava investimentos de US$ 220,6 bilhões –ou US$ 44,1 bilhões por ano. A Petrobras já não havia conseguido cumpri-lo, e fechou o ano passado com investimentos de US$ 35 milhões, 20% a menos que o previsto.

    Com a redução do plano estimada em 27%, o valor a ser investido no quinquênio seria de US$ 161 bilhões, ou US$ 32,2 bilhões anuais. Caso a redução seja de 30%, o valor cai a US$ 154,4 bilhões, que dá US$ 30,8 bilhões por ano.

    A expectativa do mercado está sobre o que será feito com as duas principais refinarias em construção no país –Comperj, no Rio, e Abreu e Lima, em Pernambuco.

    Os projetos são fundamentais para a empresa, que não refina o suficiente para atender a demanda nacional e tem que importar gasolina.

    Na última divulgação de resultados, em maio, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, reforçou o interesse pelo setor, mas ratificou decisão tomada pela gestão anterior de cancelar o projeto das refinarias Premium 1 e 2, no Nordeste.

    A Petrobras já havia sinalizado que o investimento iria para patamar mais baixo.

    No primeiro trimestre deste ano, a cifra ficou em R$ 17,8 bilhões, recuo de 13% em relação ao verificado em igual período de 2014.

    O chamado "desinvestimento" –venda de ativos menos importantes para fazer caixa e liberar recursos para os projetos mais importantes– tem origem também no alto endividamento da companhia. Impulsionado pela alta do dólar, a dívida líquida da petroleira bateu R$ 332 bilhões no terceiro trimestre.

    Rumores de que o plano sofreria redução fizeram cair as ações da Petrobras na Bolsa. As ações preferenciais, sem direito a voto, tiveram queda de 1,74%, e as ordinárias, com direito a voto, de 1,37%.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024