• Mercado

    Friday, 03-May-2024 14:58:22 -03

    Desemprego nas metrópoles sobe em maio e vai a maior patamar em 5 anos

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    25/06/2015 09h03

    Luiz Setti / "Jornal Cruzeiro do Sul"
    Fila por vaga em indústria de Sorocaba (SP)
    Fila por vaga em indústria de Sorocaba (SP)

    A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país foi de 6,7% em maio, o quinto aumento consecutivo, informou o IBGE nesta quinta-feira (25).

    Trata-se da maior taxa desde julho de 2010 (6,9%), retornando, portanto, ao período anterior ao do primeiro governo Dilma Rousseff (2011 a 2014).

    Considerando meses de maio, é a maior taxa desde 2010 (7,5%).

    Infográfico Taxa de desemprego em maio de 2015 - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress

    A taxa de desemprego registrada em maio deste ano supera, portanto, a do mesmo mês do ano passado (4,9%) e a registrada em abril deste ano (6,4%).

    Para o IBGE, contudo, a taxa ficou "estatisticamente estável" em relação a abril deste ano.

    Até então, a maior taxa de desemprego do governo Dilma tinha sido registrada no início de seu primeiro mandato, em março de 2011 (6,5%).

    Mais de uma vez, a presidente Dilma se referiu ao baixo desemprego recorde no Brasil como uma prova do sucesso de suas políticas econômicas.

    Durante campanha eleitoral no Rio, em 20 de outubro do ano passado, a presidente disse que as eleições colocavam de lados apostos "os que defendem os empregos" e "os que desempregaram".

    O resultado foi ligeiramente acima do esperado por economistas consultados pela agência Bloomberg, que projetavam em média uma taxa de 6,6% para o mês.

    O mercado de trabalho foi um dos últimos a ceder na atual crise.

    A taxa de desemprego tem sido pressionada neste ano pelo menor número de pessoas empregadas e o aumento da procura por emprego.

    A menor procura por vagas foi um dos responsáveis por manter a taxa de desemprego baixa em 2014. O IBGE só considera desempregado quem efetivamente procura emprego.

    O quadro de piora de maio havia sido antecipado pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que registrou o fechamento de 115 mil vagas formais, pior resultado para o mês desde 1992.

    POPULAÇÃO DESOCUPADA

    A população desempregada nas seis regiões cresceu em 38,5% na comparação entre maio de 2014 e maio de 2015, para 1,6 milhão de pessoas.

    É a maior variação percentual anual da população desocupada da série histórica da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE, iniciada em 2003.

    Esse contingente cresceu assim em 454 mil pessoas nas seis regiões metropolitanas no período, informou o instituto nesta quinta-feira (25).

    Apesar disso, o índice é estável em relação a abril de 2014.

    Entre maio de 2014 e maio de 2015, a população empregada (ocupada) teve leva queda de 0,7%, para 22,8 milhões de pessoas. É uma perda de 155 mil vagas.

    Segundo Adriana Beringuy, técnica do IBGE, o que explica esse forte aumento da população desocupada é a queda do rendimento dos trabalhadores.

    Essa queda foi de 5% em maio de 2015 (R$ 2.117,10) sobre maio de 2014 (R$ 2.229,28). Foi a quarta queda consecutiva do rendimento dos trabalhadores.

    "A maior renda do domicílio deixava a pessoa em uma posição de não precisar procurar emprego. Ou então de não aceitar qualquer trabalho. Ela ia assim para a inatividade e não era considerada desocupada", explica Adriana.

    Pelos critérios do IBGE, pessoas que não procuram empregos no período de 30 dias anteriores ao período de referências da pesquisa não são consideradas desempregadas.

    Com a menor renda, as pessoas estão voltando a procurar emprego, mas não encontram oferta capaz de absorvê-las no mercado de trabalho.

    ALTA DO DESEMPREGO ATINGE MAIS OS JOVENS

    O desemprego tem crescido em todas as faixas etárias nas seis regiões metropolitanas, mas com maior intensidade entre os jovens.

    A taxa de desemprego da população de 18 a 24 anos cresceu de 12,3% em maio de 2014 para 16,4% em maio deste ano. De 25 a 49 anos, o aumento foi de 3,9% para 5,6%.

    A técnica do IBGE lembrou que a base de comparação de 2014 é também baixa, o que ajuda a explicar o forte aumento de maio.

    RENDIMENTO

    Já o rendimento real habitual dos trabalhadores foi de R$ 2.117,10 caiu 1,9% em relação a abril (R$ 2.158,74) e 5% frente a maio de 2014 (R$ 2.229,28).

    O recuo de 5% é o maior desde janeiro de 2004, quando a perda foi de 5,9% frente ao mesmo mês de 2003.

    A Pesquisa Mensal de Emprego deixará de ser divulgada e será substituída no ano que vem pela Pnad Contínua, de abrangência nacional.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024