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    Semanas de moda e desfiles não funcionam mais, diz criadora da Colcci

    CHICO FELITTI
    COLUNISTA DA SÃOPAULO

    27/06/2015 02h00

    Chris Bierrenbach/Folhapress
    A estilista catarinense Lila Colzani em seu apartamento, nos Jardins
    A estilista catarinense Lila Colzani em seu apartamento, nos Jardins

    Lila Colzani está em casa. A estilista de 49 anos que fundou a Colcci três décadas atrás agora trabalha da sala do seu apartamento, na avenida Paulista, onde além de roupas cria seis chihuahuas e o filho de sete anos, Pedro.

    Foi por causa dele que a catarinense abriu há dois meses a marca infantil Pistol Star, 15 anos após ter vendido sua primeira grife.

    Apesar de ter se tornado um gigante do mercado, a Colcci pediu concordata duas vezes perto dos anos 2000 e, na virada do milênio, foi vendida para o grupo AMC, que também possui marcas como Triton e Forum. "Não foi um negócio da China. Se fosse hoje...", diz ela.

    Enquanto a Colcci está em 32 países, com mais de cem franquias e presença em mais de 3.000 lojas multimarca e pagou cerca de R$ 3 milhões para ter Gisele Bündchen em sua passarela até a temporada passada de moda, Colzani quer distância de marketing faraônico.

    Criou uma coleção com cerca de 30 peças de cores básicas e com modelagem similar para meninos e meninas.

    Trabalha de casa, usa aplicativos de conversa para fazer reuniões e afirma "nunca ter visto" alguns dos profissionais que contrata. "Odeio telefone e clima de firma."

    Leia trechos da entrevista.

    Folha - De onde surgiu a ideia da nova marca?

    Lila Colzani - Foi da minha percepção, uma coisa pessoal. A partir do momento que tive meu filho Pedro, passei a comprar roupas infantis em viagens. Mas passei um período viajando menos a trabalho e tive de buscar roupas aqui. E penei. Era garimpar muito, achava uma coisinha aqui e outra ali. Deu uma vontadezinha de começar minha marca, mas deixei lá engavetado. No final de 2013, eu e meu marido decidimos colocar em prática. Ainda presto consultoria, mas parei de desenhar para outras marcas.

    Você não quis buscar investidores para a empreitada?

    Foi uma estratégia. Para começar do jeito que eu gostaria, pequena e tateando o mercado. Se você procura um sócio ou investidor, vão querer retorno mais rápido.

    Foi isso o que aconteceu com a Colcci?

    Sim, eu queria fazer "modona", mas o mercado me levava a fazer básico. Hoje estou mais resistente a seguir o que o mercado espera. Se bem que abri a marca com roupas para o público de quatro a 12 anos. Não sei se por ter muitos amigos com filhos mais novos ou por um vazio de oferta, houve procura por roupas para bebê. Adiantarei para agosto a linha "baby", que tinha previsto para o ano que vem.

    Como é não ter de desfilar uma coleção a cada temporada?

    É uma delícia, né? Semanas de moda e desfiles não funcionam mais para mim, essa coisa de precisar apresentar uma coleção a cada seis meses. O mundo mudou.

    Como se chegou ao modelo de distribuição online?

    Começamos com "e-commerce" para conhecer melhor a marca e o mercado. Vamos abrir para multimarcas a partir de agosto. Não estamos em nenhum showroom nem temos representantes de vendas. A ideia é ter loja própria em São Paulo. Vamos focar em mercados mais urbanos, para formar uma imagem de marca, e depois ir para o interior. O Brasil é uma vastidão que quase não pode ser coberta, a internet facilita isso.

    Como pretende vender pela internet?

    A venda on-line funciona muito com redes sociais, como o Instagram. O Pinterest ainda não pegou no Brasil, mas estamos de olho, porque eles vão oferecer um botão para comprar produtos que estão nas fotos. A gente também bota um dinheirinho no Facebook, para nossas postagens serem mais vistas.

    No contrato de venda da Colcci, havia um interdito de você abrir outra marca?

    Na época, essa proibição era de quatro ou cinco anos, não me lembro bem. Mas não foi por isso que fiquei de fora.

    Não ficou tentada a fazer moda jovem mais uma vez?

    O mercado de moda jovem no Brasil vende muito, mas eu não me identifico com as roupas. E é muito caro entrar no nicho jovem, com uma coleção enorme e altos investimentos em marketing. Mas não descarto essa possibilidade de vez.

    Quer ter franquias, que já disse terem sido o calcanhar de aquiles da Colcci?

    Sim. Na época, os contratos não eram bem feitos, então deu errado. Agora é diferente, o modelo de negócio mudou. O franqueado ajuda a diluir despesas, barganhar com o fornecedor. Hoje penso em franquias como parceiros.

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