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    Referendo na Grécia fecha porta para diálogo, diz presidente do Eurogrupo

    DA EFE
    DA AFP

    27/06/2015 09h29

    O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, afirmou neste sábado (27) que a decisão da Grécia de convocar um referendo sobre as últimas propostas de seus credores e fazer campanha a favor de a população negá-las é uma "triste decisão" que fecha a porta para a continuidade das negociações.

    "Estou muito negativamente surpreendido pela decisão do governo grego, aparentemente rejeitaram as últimas propostas levadas à mesa pelas três instituições", disse.

    "É uma decisão triste para a Grécia porque fechou a porta para mais conversas quando a porta ainda estava aberta", acrescentou

    O Eurogrupo se reúne neste sábado em Bruxelas em um cenário abalado pelo anúncio de um referendo na Grécia sobre a oferta dos credores, e pode analisar um plano B, a apenas três dias de um possível calote grego.

    O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, surpreendeu a todos com seu anúncio de referendo para o domingo, 5 de julho, aventurando-se em uma aposta que em 2011 custou o cargo do socialista Yorgos Papandreou.

    O ministro da Economia alemão e vice-chanceler Sigmar Gabriel foi um dos primeiros a reagir, afirmando à rádio Deutschlandfunk que este referendo "pode ter sentido" e que os dirigentes europeus farão bem em não considerar a iniciativa de Tsipras como uma manobra.

    Grigory Dukor - 19.jun.2015/Reuters
    O primeiro-minsitro grego, Alexis Tsipras, durante sessão do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, na Rússia
    O primeiro-minsitro grego, Alexis Tsipras, durante sessão do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, na Rússia

    Já o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, considerou triste a decisão do governo grego, estimando que fecha a porta a mais negociações.

    "Estou negativamente surpreso com a decisão do governo grego de hoje (sábado) (...) É uma decisão triste para a Grécia porque fecha a porta a mais discussões", disse ao chegar à reunião de ministros da zona do euro que deve analisar o próximo passo nas negociações com Atenas.

    A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, declarou, por sua vez, que "continuaremos trabalhando para restaurar a estabilidade financeira" na Grécia.

    Com o semblante grave, Tsipras disse que no referendo do dia 5 de julho a pergunta que será feita será "se aceitamos ou rejeitamos a proposta" dos credores.

    A consulta será realizada após a data fatídica de 30 de junho, na qual a Grécia deve realizar ao FMI um pagamento de 1,5 bilhão de euros, que não poderá efetuar porque tem os cofres vazios.

    Em seu discurso, o dirigente denunciou como uma tentativa de humilhar o povo grego a oferta dos credores do país, a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional.

    Segundo um documento divulgado na sexta-feira, eles propunham prolongar por cinco meses o atual plano de resgate, que expira na terça-feira, emprestando à Grécia 15,5 bilhões de euros (12 bilhões do lado europeu e 3,5 bilhões do FMI) em troca do cumprimento progressivo e rígido de uma série de reformas e ajustes.

    Segundo Tsipras, a oferta é "um ultimato que é contrário aos princípios e valores fundadores da Europa", "uma oferta que colocará um peso insuportável nos ombros do povo grego, e que minará a recuperação da economia grega e da sociedade".

    O "PLANO B"

    Anteriormente, o governo grego havia explicado que o prazo de extensão e o financiamento oferecidos eram muito curtos, e que as condições impostas consistem em "medidas recessivas e socialmente destrutivas". O acordo segue bloqueado pela reforma do nível do IVA e das aposentadorias.

    O executivo também critica o fato de não ser contemplada uma reestruturação de uma dívida pública insustentável, que se espera que alcance 180% do PIB neste ano.

    Em meio a este panorama, os 19 ministros das Finanças da Eurozona se reúnem neste sábado em Bruxelas.

    As questões urgentes levantadas são como fazer para garantir o financiamento do país até o referendo, levando-se em conta que o resgate termina em 30 de junho e que neste dia Atenas deve pagar ao FMI, e o que fazer para evitar que os bancos gregos afundem devido às retiradas de dinheiro.

    Tsipras indicou na quinta-feira que irá pedir uma curta extensão do programa em curso, por um prazo de alguns dias.

    "Ou (os gregos) estão dispostos a falar das últimas propostas, ou os ministros das Finanças falam do plano B", disse um funcionário de alto escalão europeu sob anonimato, acrescentando que os credores pensam que suas propostas são realmente generosas para a Grécia.

    Os bancos gregos, dos quais os clientes retiraram bilhões em dinheiro nos últimos meses, sobrevivem graças a uma linha de financiamento de urgência do BCE.

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