• Mercado

    Wednesday, 01-May-2024 15:41:52 -03

    análise

    A borboleta grega sugere o caos

    CLÓVIS ROSSI
    COLUNISTA DA FOLHA

    29/06/2015 14h49

    A crise grega e a reação dos mercados neste início de segunda-feira, 29, levou Michael Hewson, analista da consultora CMC Markets, a ressuscitar a chamada Teoria do Caos.

    "A borboleta grega parece a ponto de causar uma tempestade sobre os mercados financeiros", disse Hewson a "Le Monde".

    É uma alusão à hipótese de que o bater das asas de uma borboleta pode causar um furacão do outro lado do mundo, como diz a Teoria do Caos.

    Se o caos no mundo virá mesmo ou não, é cedo para dizer. Mas para a Grécia, chegou-se de fato ao ponto de ruptura.

    O primeiro-ministro Alexis Tsipras esticou tanto a corda que corre o risco de ser enforcado ele próprio e, pior ainda, o seu país, já atormentado por cinco anos de "austericídio" imposto pelos parceiros europeus (parceiros?).

    Ao romper as negociações com a Europa e convocar um referendo sobre as propostas europeias para prorrogar o socorro à Grécia, tudo o que o premiê conseguiu foi explicitar o que todo o mundo intuía: os bancos gregos não sobrevivem sem ajuda do Banco Central Europeu.

    Quando o BCE impôs um teto à ajuda, o governo grego teve que decretar feriado bancário e o "corralito", tão conhecido dos argentinos.

    Afinal, o rompimento das negociações provocou uma corrida aos caixas eletrônicos, porque era fim de semana, sinal óbvio de que ela se repetiria nesta segunda-feira, quando os bancos reabrissem.

    Não reabriram nem podiam fazê-lo porque as asas da borboleta estavam batendo furiosamente.

    Tsipras tem todas as razões do mundo para queixar-se da austeridade imposta à Grécia. Foi um desastre de grandes proporções do ponto de vista econômico e social.

    Logo, mais do mesmo, como exigiam a Europa e o Fundo Monetário Internacional, só poderia conduzir a mais dor.

    Agora, no entanto, o que Tsipras tem que avaliar é o que causa mais dor: uma dose adicional de austeridade ou a saída forçada do euro, o que seria, como diz "Le Monde" na capa desta segunda, a entrada em "terra incognita" —assim mesmo em latim.

    A menos, é claro, que o bater das asas da borboleta grega tenha assustado tanto a Europa que seus líderes resolvam ser flexíveis e abrandar a austeridade a um ponto aceitável para Tsipras e seus pares do Syriza, a coligação de esquerda radical.

    Grécia

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024