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    Alta das ações de bancos e Petrobras sustenta Bolsa no azul; dólar cai

    DE SÃO PAULO

    02/07/2015 18h04

    Dados mais fracos do que o esperado no mercado de trabalho dos EUA em junho alimentaram a expectativa de que o juro básico naquele país possa começar a subir apenas em dezembro, não em setembro, o que ajudou a empurrar a Bolsa brasileira para cima e derrubar o dólar nesta quinta-feira (2).

    O Ibovespa avançou 0,66%, para 53.106 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,460 bilhões. As Bolsas de Nova York fecharam o dia com leves quedas, enquanto a maioria dos mercados acionários da Europa também teve desempenho negativo. Os investidores seguiram cautelosos em relação à crise grega, especialmente depois de o FMI (Fundo Monetário Internacional) alertar que a Grécia enfrenta um grande abismo financeiro.

    No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, registrou desvalorização de 0,87% sobre o real, cotado em R$ 3,102 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, caiu 1,55%, para R$ 3,097.

    O Departamento do Trabalho dos EUA divulgou pela manhã a criação de 223 mil vagas fora do setor agrícola americano em junho, abaixo do esperado. Na visão da equipe do BNP Paribas, os números do relatório não são uma "luz verde" para uma elevação dos juros em setembro, mas também não são uma "luz vermelha".

    A Fed Funds Rate, taxa básica de juro americana, está em seu menor nível histórico, entre zero e 0,25% ao ano, desde o final de 2008 –uma medida tomada pelo Federal Reserve (banco central dos EUA) para combater os efeitos negativos da crise.

    Uma alta do juro americano deixaria os títulos do Tesouro dos EUA –que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco– mais atraentes do que aplicações em emergentes como o Brasil, provocando uma saída de recursos dessas economias. Com isso, a Bolsa brasileira, que tem forte participação de estrangeiros, poderia sofrer novas baixas, enquanto a menor oferta de dólares tenderia a pressionar o dólar para cima.

    "Os dados de emprego de junho foram saudáveis, porém não robustos o suficiente para levar o mercado a elevar a probabilidade de uma alta de juros já em setembro", destacou a gestora de recursos Icatu Vanguarda, em nota a clientes.

    PETROBRAS

    Segundo Wagner Caetano, diretor da escola de investimentos Top Traders, o que sustentou o bom desempenho do Ibovespa na sessão foi a valorização dos bancos. "O setor bancário tem subido sempre que a Petrobras também registra variação positiva. Talvez por ser uma empresa muito ligada ao governo, qualquer fator positivo para ela pode beneficiar a economia como um todo", disse.

    As ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, fecharam em alta de 0,99%, para R$ 12,30 cada uma. A estatal anunciou na véspera estudos para abrir capital da BR Distribuidora.

    "Nós vemos este anúncio como um importante primeiro passo para iniciar o processo de implementação do plano de desinvestimentos da empresa", disse o analista do Bank of America Merrill Lynch Frank McGann. "Assumindo que isso seja seguido por medidas concretas para vender outros ativos, esperamos que possa ser um catalisador importante para a ação."

    McGann ponderou, no entanto, que há muitos elementos para monitorar também, como os preços de gasolina e diesel, que serão fundamentais para o desempenho das ações da Petrobras.

    Em sua primeira entrevista após anunciar uma "dieta" drástica nos investimentos da Petrobras, o presidente da companhia, Aldemir Bendine, não descartou um reajuste no preço da gasolina até o fim do ano. Não enxerga, contudo, necessidade de um aumento agora. "Não dá para garantir que não haverá", disse ele à Folha nesta quarta-feira.

    Os bancos Itaú Unibanco (+1,34%) e Bradesco (+1,76%) fecharam em alta. Este é o segmento com maior participação dentro do Ibovespa. Em sentido contrário, a siderúrgica Gerdau liderou as perdas do índice, com desvalorização de 3,90%, a R$ 6,90. A CSN, do mesmo segmento, também caiu (-3,13%).

    Pesou sobre esses papéis a apreensão acerca dos preços praticados no setor, principalmente após artigo publicado no site especializado Steel Business Briefing aventar que a fraqueza da economia estaria forçando usinas a reduzir valores cobrados pelos aços longos em até 5%. O BTG soltou nota dizendo que procurou a Gerdau, que não confirmou a informação.

    LEILÕES

    No câmbio, além da expectativa pelo momento de alta dos juros nos EUA, os investidores também continuaram monitorando as intervenções do Banco Central do Brasil no mercado. A instituição iniciou na quarta-feira (1º) as operações de renovação dos contratos de swap cambial que vencem no começo de agosto –operação que equivale a uma venda futura de dólares.

    A oferta tem sido de até US$ 340 milhões diários. Se mantiver esse ritmo ao longo do mês, o BC vai renovar menos de 70% do lote de contratos com vencimento em agosto, que soma US$ 10,675 bilhões. Em junho, o BC iniciou o mês indicando a renovação de 80% dos contratos, mas reduziu o ritmo ao longo das semanas e acabou por rolar cerca de 70%. Com isso, a instituição tirou do mercado cerca de US$ 2,5 bilhões.

    Com Reuters

    Folhainvest

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