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    A dois dias de plebiscito, filas para sacar dinheiro crescem na Grécia

    LEANDRO COLON
    ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

    03/07/2015 10h04

    A dois dias do plebiscito sobre um acordo com credores, cresceram as filas nos caixas eletrônicos em Atenas para sacar dinheiro, com limite de € 60 por cartão, com exceção dos aposentados, que podem retirar até € 120.

    As filas nesta sexta-feira (3) estão maiores e mais constantes do que nos dias anteriores. A Folha percorreu as principais avenidas de Atenas e também áreas residenciais, todas com aglomeração.

    Há dois temores na população: que falte dinheiro nas máquinas no fim de semana e a incerteza do que vai ocorrer com a Grécia a partir de segunda-feira (6), depois do plebiscito.

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    Alguns caixas eletrônicos criam problemas para os clientes: às vezes não há dinheiro disponível, e as pessoas precisam esperar a reposição, ou, em certos casos, só há cédulas de € 20, prejudicando quem só pode sacar, por exemplo, € 50, e não o limite de € 60.

    Um jornal local criou uma promoção como "resposta" (segundo palavras da publicação) à crise: quem adquirir um exemplar neste sábado (4) leva para casa um voucher de € 5 de desconto em compras acima de € 20 no supermercado.

    O turismo começa a ser afetado, não só pelo cancelamento de reservas, mas também por causa da falta de dinheiro para pagamento de fornecedores de suprimentos para hotéis, pousadas, entre outros estabelecimentos do setor.

    O comércio reclama da falta de troco e da queda no consumo por parte da população desde segunda-feira (29), quando o controle de capital foi anunciado pelo governo.

    Há vários tipos de perfis de correntistas nas filas de banco: estudantes, autônomos, desempregados, pessoas com emprego fixo, todos temerosos pelos próximos dias.

    Sob desconfiança da população, o governo prometeu reabrir as agências e suspender o controle de capital no começo de semana que vem, após o plebiscito, quando os gregos vão dizer se aceitam ou não a proposta de socorro internacional dos credores, no caso, FMI (Fundo Monetário Internacional), BCE (Banco Central Europeu) e CE (Conselho Europeu).

    O problema é que a convocação de última hora para a votação, anunciada no último fim de semana, e a complexidade da pergunta a ser respondida têm deixado a população incerta sobre o voto.

    A pergunta será: "Deve ser aceito o acordo submetido por CE (Conselho Europeu), BCE e FMI para o Eurogrupo no dia 25 de junho, que consiste em duas partes que formam sua proposta completa?"

    Uma parte se chama "Reforma para conclusão do atual programa e além", e a outra, "Análise preliminar de sustentabilidade da dívida". Os eleitores devem ter acesso aos documentos na hora do voto.

    "Não está claro o que vai ocorrer se eu votar no 'sim', muito menos no 'não'. Se eu votar 'sim', vou aprovar medidas de austeridade piores do que tivemos até hoje, e se votar 'não', não sei o que vai acontecer com meu país", disse à Folha nesta sexta Anna Hatzidaki, 38, professora de linguística da Universidade de Atenas. A situação se complica ainda mais porque, em tese, essa proposta dos credores não existe mais.

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    PESQUISA MOSTRA EMPATE TÉCNICO

    Nova pesquisa divulgada nesta sexta-feira (3) na Grécia aponta uma disputa acirrada para a consulta pública, mas uma ampla maioria a favor do uso do euro como moeda do país. O levantamento foi feito pelo instituto Alco e publicado pelo jornal "Ethnos".

    De acordo com a pesquisa, 44,8% dos gregos dizem que vão votar pelo "sim" no domingo, ou seja, pela proposta dos credores internacionais, e 43,4% afirmam que optarão pelo "não". Como a margem de erro é de 3,1 pontos percentuais, há empate técnico. Os indecisos são 11,8%.

    A pesquisa perguntou aos gregos se preferem o euro como moeda no país ou o retorno de moeda nacional. No total, 74% responderam querer permanecer na zona do euro.

    O plebiscito foi convocado pelo primeiro-ministro, Alexis Tsipras, que faz campanha aberta pelo "não" em meio ao rompimento das negociações com o bloco e o calote no FMI.

    Protestos estão marcados nesta sexta-feira (3) em Atenas por apoiadores do primeiro-ministro e também por setores da oposição favoráveis ao voto "sim".

    Grécia

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