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    Antes de plebiscito, gregos estocam remédio e alimento

    LEANDRO COLON
    ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

    04/07/2015 02h00

    Na véspera do plebiscito sobre um acordo com credores, os gregos foram às ruas se manifestar pelo "sim" ou pelo "não", sacar o limite permitido nos bancos e correr para a prateleira do supermercado e da farmácia e garantir suprimentos básicos até semana que vem.

    Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro Alexis Tsipras fez dois pronunciamentos, um pela TV e outro para 20 mil simpatizantes em frente ao Parlamento, em Atenas, em que defendeu o voto contra a proposta de socorro dos líderes europeus e credores, no caso, FMI (Fundo Monetário Internacional) e BCE (Banco Central Europeu).

    "Diga não para aqueles que estão tentando incitar o pânico, tentando evitar que você faça a melhor escolha para seu futuro", afirmou.

    Além do protesto pelo "não", outros 20 mil, segundo a polícia, reuniram-se no Estádio Olímpico, mas para pedir voto pelo "sim".

    A população teme a falta dinheiro nas máquinas no fim de semana e a incerteza do que vai ocorrer a partir de segunda-feira (6), dia seguinte ao plebiscito.

    Por isso, as filas nos bancos crescem e estão mais constantes do que nos dias anteriores. Segundo o banco central grego, há € 1 bilhão garantido em dinheiro vivo nesses dois dias. Em maio, antes do agravamento da crise, os depósitos nos bancos do país estavam no menor patamar em 11 anos.

    A reportagem presenciou cenas de pessoas esperando a reposição de dinheiro em caixas eletrônicos esvaziados. Em outros casos, só havia cédulas de € 20, prejudicando quem queria sacar, por exemplo, € 50, abaixo do limite de € 60 que começou a valer no início desta semana.

    Os supermercados começam a apresentar falta de produtos de higiene, além de itens como açúcar e sal, por causa da correria em estocá-los e da falta de recursos dos estabelecimentos para pagar fornecedores.

    arte

    FÉRIAS FRUSTRADAS

    Com o dinheiro mais escasso, sobrou até para as férias dos gregos. Desde o último fim de semana –após anúncio do plebiscito–, caiu pela metade as reservas deles para o período entre julho e setembro.

    Na terça-feira (30), dia do calote de € 1,6 bilhão do país no FMI, 22% dos voos de férias da população local foram cancelados.

    O cenário também atinge o mercado de turistas estrangeiros. Segundo dados da Confederação Grega de Turismo, as reservas estão de 30% a 40% menores nesta semana do que no mesmo período do ano passado.

    Estima-se que a economia grega deixou de faturar € 1,2 bilhão nos últimos dias –valor que equivale a quase 1% do PIB do país.

    O governo promete reabrir as agências e suspender o controle de capital após o plebiscito, apesar de o BCE não sinalizar disposição em aumentar a assistência emergencial que dá sobrevida aos bancos gregos.

    Editoria de Arte/Folhapress

    EMPATE

    As pesquisas divulgadas nesta sexta-feira (3) apontam um empate técnico entre os dois lados. A população continua sem entender direito os efeitos do plebiscito, anunciado de última hora por Tsipras após o rompimento das negociações.

    "Não está claro o que vai ocorrer se eu votar no 'sim', muito menos no 'não'. Se eu votar 'sim', vou aprovar medidas de austeridade piores do que tivemos até hoje, e se votar 'não', não sei o que vai acontecer com meu país", disse Anna Hatzidaki, 38, professora de linguística da Universidade de Atenas.

    Segundo pesquisas, o "não" tem maior apelo entre os mais jovens, e o "sim, entre os mais velhos.

    O Conselho de Estado, alta corte administrativa da Grécia, rejeitou o apelo judicial para cancelar a votação. O órgão analisou um recurso de dois cidadãos e manteve a realização da consulta.

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