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    Bolsa cai ao menor nível desde março com Grécia e incerteza econômica

    DE SÃO PAULO

    06/07/2015 18h11

    O principal índice da Bolsa brasileira acompanhou o mau humor externo e fechou esta segunda-feira (6) em queda, no menor nível em mais de três meses.

    A baixa refletiu cautela com a economia do Brasil e o resultado do plebiscito grego no último domingo, que decidiu que a Grécia não deve aceitar as imposições de credores internacionais para receber novo resgate financeiro.

    O Ibovespa cedeu 0,70%, para 52.149. É a menor pontuação desde 31 de março, quando estava em 51.150 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,384 bilhões –abaixo da média diária do ano, de R$ 6,836 bilhões, mas acima da média diária do mês, de R$ 4,732 bilhões, segundo dados da BM&FBovespa.

    No exterior, os principais índices de ações dos Estados Unidos caíram entre 0,26% e 0,39%, enquanto na Europa as baixas nas Bolsas mais importantes foram superiores a 1%. Na Ásia, as ações atingiram mínima de seis meses nesta segunda.

    "O estresse no início do dia foi maior, mas acabou se amenizando ao longo da sessão por notícias como a de que França e Alemanha ainda estão dispostos a negociar um acordo com a Grécia, além da renúncia do do ministro das Finanças grego [Yanis Varoufakis]", disse Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho.

    Para Hegedus, a deterioração da economia brasileira também pesou negativamente sobre o desempenho do mercado de ações nesta sessão.

    O relatório Focus mostrou que a inflação no país deve ficar em 9,04% em 2015, segundo o centro das estimativas de economistas e instituições financeiras consultadas pelo Banco Central. O valor é maior do que o projetado na semana passada, de 9,00% –ambos ficam acima do teto da meta do governo, de 6,50%.

    "Falta rumo ao país. Notícias de que a presidente [Dilma Rousseff] estaria sem paciência para o Levy [ministro da Fazenda] só piora o quadro. Não é fácil 'arrumar a casa' em seis meses e, com isso, o governo pode perder a pouca credibilidade que ainda tem", completou Hegedus.

    O economista disse ainda que "a incerteza se Dilma vai ou não vai terminar o mandato" também esteve no radar do mercado na sessão. "A presidente está inteiramente tranquila em relação a isso. [O impeachment] É algo impensável para o momento atual", disse o vice-presidente Michel Temer nesta segunda.

    COMMODITIES EM QUEDA

    A queda nos preços das commodities no exterior pressionou papéis importantes na Bolsa brasileira neste pregão, ajudando a derrubar o Ibovespa. A ação preferencial (mais negociada e sem direito a voto) da Petrobras cedeu 2,13%, para R$ 11,48, enquanto a preferencial da Vale teve desvalorização de 0,17%, a R$ 17,65.

    O recuo o setor de bancos, segmento com maior peso dentro do Ibovespa, também pesou negativamente sobre o índice. O Itaú Unibanco perdeu 1,71%, para R$ 33,92, enquanto a ação preferencial do Bradesco cedeu 1,82%, a R$ 28.

    Quem liderou as perdas do Ibovespa no dia foi a Copel, com baixa de 3,62%, a R$ 34,09. Na sexta-feira (3), uma fonte que participou de reuniões da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) disse que o órgão regulador esboçou algumas soluções para mitigar os efeitos do deficit de geração hídrica, pautando-se, principalmente, pela ideia de que o problema não deve ser pago pelos consumidores de energia elétrica.

    Do outro lado da Bolsa, as ações de siderúrgicas fecharam no azul. O papel preferencial da Usiminas subiu 3,72%, a R$ 4,18, enquanto a Gerdau avançou 2,25%, a R$ 6,81. Já a CSN teve valorização de 2,10%, a R$ 4,87.

    O movimento, segundo analistas, pode refletir uma correção à queda da semana passada, após artigo publicado no site especializado Steel Business Briefing aventar que a fraqueza da economia estaria forçando usinas a reduzir valores cobrados pelos aços longos em até 5%.

    A Qualicorp também subiu, após o conselho de administração da empresa aprovar a redução de capital em R$ 400 milhões, prevendo restituição de R$ 1,458124020 por papel a acionistas. O avanço foi de 3,49%, para R$ 22,25.

    CÂMBIO

    No câmbio, o dólar teve leve alta em relação ao real, com a cautela sobre a possível saída da Grécia da zona do euro sendo compensada em partes pela expectativa de entrada de novos recursos no Brasil diante do aumento de juros praticado no país.

    O dólar à vista, referência no mercado financeiro, registrou valorização de 0,24% sobre o real, cotado em R$ 3,141 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançou 0,31%, para R$ 3,151.

    Nesta segunda-feira, o BC deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em agosto -operação que equivale a uma venda futura de dólares para estender o prazo de contratos. A oferta de 6 mil papéis foi integralmente vendida, por US$ 293,3 milhões. Nos primeiros leilões deste mês, haviam sido ofertados até 7,1 mil swaps.

    Mantendo a oferta de até 6 mil contratos por dia até o penúltimo dia útil do mês, o BC rolará o equivalente a US$ 6,396 bilhões ao todo, ou cerca de 60% do lote total. Se continuasse com as ofertas anteriores, a rolagem seria de 70%, como a do mês anterior.

    Com Reuters

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