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    Santander diz confiar que acordo manterá Grécia na zona do euro

    ELEONORA DE LUCENA
    ENVIADA ESPECIAL A MADRI

    07/07/2015 18h09

    "A Grécia é parte do euro, e todos queremos que ela siga no euro. Confio que chegaremos a um acordo no qual a Grécia permaneça no euro e se encontre uma maneira sensata para que os compromissos sejam cumpridos, levando em consideração a situação concreta do país".

    Essa é a visão de Ana Patrícia Botín, 54, presidente do Grupo Santander, sobre a maior crise da história da unificação europeia. Na sua análise, o sistema financeiro europeu é mais sólido e está mais capitalizado que anos atrás, sendo capaz de enfrentar períodos de incertezas como o atual.

    "O euro tem uma fortaleza institucional e avançou muito nos últimos três e quatro anos", afirma Botín, que lidera o banco que se intitula como o maior da zona do euro. Segundo ela, o Santander tem uma exposição mínima em relação à Grécia.

    Em entrevista concedida nesta terça-feira (7) a jornalistas latino-americanos, a banqueira lembrou que o sistema financeiro europeu privado já fez provisões para o caso grego e que a dívida hoje se concentra nos governos.

    Botín tomou as rédeas do banco em setembro do ano passado, quando seu pai morreu, aos 79 anos. Aproveitando os fortes ventos da globalização e desregulamentação financeira, durante quase três décadas Emilio Botín investiu no crescimento da casa bancária fundada pela família em 1857. Fez aquisições na Europa e na América Latina —o Banespa privatizado foi um impulso grande para suas operações no Brasil.

    Agora, a herdeira fala em mudanças na gestão do banco, sem querer criticar o passado, diz que "é preciso fazer coisas de forma diferente porque o mundo é diferente". Primeira mulher a comandar um grande banco europeu, ela estudou em Harvard (EUA), trabalhou no JP Morgan e chefiou a operação do Santander no Reino Unido —experiência cujo êxito ressaltou na entrevista.

    Seu discurso trata da necessidade de ampliação do mercado de clientes, de melhorias na eficiência, de debate sobre a tradicional ação pró-cíclica dos bancos. Alfineta o que considera excessos de regulamentação, alegando que é preciso compatibilizar prudência, para dar segurança ao cliente, com crescimento.

    Sobre novos negócios no Brasil, vital para os resultados do banco espanhol, com cerca de 20% dos resultados do grupo, Botín é econômica. Nada informa sobre sua a proposta, enviada na última segunda-feira, para a aquisição de operações do HSBC no país. "Estamos no processo", se limita a dizer.

    Ela nota a desaceleração na economia brasileira e emenda: "O importante é seguir fazendo reformas que permitam que o Brasil possa competir melhor, que ajudem fazer com que os ciclos de baixa sejam mais suaves. O importante é sair fortalecido do ajuste", afirma.

    Mais tarde, Alejandra Kindelán, diretora de estudos econômicos do Santander, fez as projeções do banco para o Brasil: queda de 1% no PIB neste ano, crescimento de 0,5% em 2016 e alta de 2% em 2017.

    A economista elogia as medidas do governo brasileiro, defendendo que o ajuste trará confiança. Apesar da crise política, ela diz que os investimentos no país não baixaram de forma significativa _"Não baixaram mais do que em outros países", calcula.

    Para Kindelán, as reformas precisam ter ênfase no lado da oferta. Nesse sentido, advoga que petróleo e energia também podem ser alvo de mudanças.

    A repórter viajou a convite do Santander

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