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    Dívida da Grécia não será perdoada, diz Merkel

    COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    07/07/2015 18h24

    A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, assegurou nesta terça-feira (7) que não haverá um perdão da dívida grega, embora tenha se mostrado aberta a tratar mais adiante a sustentabilidade do débito se a Grécia cumprir suas obrigações.

    "Um perdão da dívida não vai acontecer. Isso é um programa de resgate da zona do euro e não está permitido", declarou a chanceler ao término do Conselho Europeu extraordinário que ocorreu nesta terça (7), em Bruxelas.

    "Se for necessário, estamos dispostos, depois que a Grécia tiver cumprido suas obrigações, a falar sobre a questão da sustentabilidade", acrescentou.

    REUNIÃO FRUSTRADA

    O novo ministro grego das finanças, Euclides Tsakalotos, frustrou os credores ao comparecer à reunião de emergência do Eurogrupo nesta terça (7) sem uma proposta para retomar as negociações interrompidas no último dia 27.

    Na segunda-feira (6), o premiê grego Alexis Tsipras ligou para Merkel, afirmando que a proposta seria apresentada nesta terça.

    A apresentação de propostas foi adiada para esta quarta (8). Fontes do Executivo de Atenas assinalaram que esta proposta levará em conta "o resultado do plebiscito de domingo (5), as posições comuns dos líderes políticos e as propostas das instituições —a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI)".

    A reunião desta terça do Eurogrupo foi convocada após o resultado do plebiscito no fim de semana, no qual 61% dos gregos disseram "não" a uma proposta de austeridade fiscal que incluía aumento de impostos e reforma da Previdência.

    Essa proposta já não está mais na mesa, e diversos líderes europeus deixaram claro que a bola agora está no campo da Grécia.

    "Não se trata mais de uma questão de semanas, mas de uma questão de dias", afirmou cobrando urgência a chanceler alemã, Angela Merkel, na chegada à reunião.

    OXI x NAI: O PLEBISCITO:

    Em um resultado surpreendente, o voto pelo "não" venceu o plebiscito na Grécia no domingo (5), rejeitando a proposta de socorro financeiro dos credores internacionais. Foram 61,31% pelo "não" e 38,69% pelo "sim".

    O placar amplo contrariou todas as pesquisas, inclusive as realizadas neste domingo e divulgadas após o fechamento das urnas que previam uma vitória apertada do "não".

    Com isso, os gregos rejeitaram a proposta de socorro internacional feito pelos credores, no caso, FMI (Fundo Monetário Internacional), BCE (Banco Central Europeu) e o bloco europeu.

    Logo após os primeiros números serem divulgados, simpatizantes do Syriza, partido de esquerda do primeiro-ministro Alexis Tsipras, começaram a celebrar o resultado na praça Syntagma, no centro de Atenas.

    Entenda a crise grega

    A vitória do "não" representa um fortalecimento de Tsipras no seu país, já que ele convocou o plebiscito no último dia 27 depois do fracasso nas negociações em Bruxelas. Neste domingo, ele afirmou que "ninguém pode ignorar a vontade do povo", e voltou a dizer que a consulta era uma vitória contra a "chantagem".

    Ao mesmo tempo, no entanto, o resultado pode aumentar a pressão para a Grécia deixar a zona do euro, principalmente se não chegar a algum tipo de acordo com o bloco nos próximos dias.

    Tsipras tem dito que a Grécia não deixará a moeda única e que pretende retomar as negociações nesta segunda-feira (6) em busca de uma solução para o país. O ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, afirmou neste domingo acreditar na possibilidade de um consenso em 24 horas.

    A questão é como os líderes europeus vão reagir: se pretendem sentar à mesa novamente com a Grécia ou, diante do recado do povo grego, romper definitivamente as relações. A chanceler alemã, Angela Merkel, tem um encontro marcado com o presidente francês, François Hollande, nesta segunda-feira (6) em Paris.

    O principal drama dos gregos no curto prazo é o risco de colapso bancário a partir de terça-feira (7), quando as agências do país reabririam depois de uma semana de fechamento e controle de capital. O governo precisa de um novo socorro emergencial do BCE (Banco Central Europeu) para sua liquidez bancária, caso contrário, sem moeda no caixa, corre sério risco de ser forçado a emitir nova moeda em breve, conforme alertaram autoridades europeias nos últimos dias.

    OPOSIÇÃO

    O resultado do plebiscito fez com que o ex-premiê grego Antonis Samaras anunciasse sua renúncia como líder do partido de oposição Nova Democracia depois da sonora vitória do "não". "Nosso partido precisa de um novo começo. A partir de hoje, estou renunciando da liderança do Nova Democracia", disse Samaras em comunicado transmitido pela televisão.

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