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    Temor de colapso do mercado chinês leva dólar ao maior valor em 3 meses

    DE SÃO PAULO

    08/07/2015 11h42

    Sam Yeh/AFP
    Homem analisa gráfico de ações em Bolsa asiática
    Homem analisa gráfico de ações em Bolsa asiática

    Depois de ter subido mais de 1% na véspera, o dólar voltou a ter forte valorização sobre o real nesta quarta-feira (8). O movimento reflete a queda de mais de 30% do mercado acionário chinês desde o pico de junho, o que reforçou dúvidas sobre o rumo da segunda maior economia do mundo e o principal destino das exportações brasileiras.

    Às 16h07 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha alta de 1,27% sobre o real, cotado em R$ 3,229 na venda –por ora, este é o maior valor desde 30 de março, quando a moeda americana valia R$ 3,246. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 1,28%, a R$ 3,225.

    Após atingirem a maior alta em sete anos há cerca de um mês, as ações chinesas têm sofrido uma estrondosa queda, gerada por restrições ao empréstimo de dinheiro para a compra de ações em resposta a preocupações quanto a uma bolha. As ações já perderam US$ 3 trilhões em valor.

    Pequim, que vem lutando há mais de uma semana para dobrar o mercado, lançou mais uma saraivada de medidas para interromper a venda generalizada, e o banco central disse que aumentará o suporte para corretoras listadas para sustentar as ações.

    O preço do minério, segundo mais importante produto da pauta de exportação brasileira, despencou 11% nesta quarta-feira, para uma mínima desde 2009. Entre janeiro e junho, a receita do Brasil com as exportações de minério de ferro para a China desabou 49%. Isso afeta os termos de troca e acaba exercendo pressão por mais desvalorização cambial.

    Além da China, também segue no radar dos investidores a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (banco central americano) nesta tarde. A expectativa é que o documento sinalize mais claramente quando os juros começarão a subir nos Estados Unidos.

    Continuam ainda as preocupações do lado político brasileiro, que interferem no ajuste fiscal do governo. O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), informou na terça-feira (7) que parlamentares devem votar nesta sessão a Medida Provisória 672/2015.

    A MP não só mantém as regras para reajuste do salário mínimo entre 2016 e 2019 como as estende para a correção dos benefícios da Previdência Social superiores ao mínimo. A mudança no texto original já foi aprovada na Câmara dos Deputados.

    LEILÕES

    A avaliação de operadores é que a redução das atuações do Banco Central do Brasil no câmbio pode pressionar ainda mais a cotação da moeda americana para cima, especialmente porque o mercado já começa a prever quando se encerrará o ciclo de aumento dos juros no país.

    Uma taxa de juros maior tende a atrair mais estrangeiros ao mercado brasileiro, em busca de retornos mais atraentes, ampliando a oferta de dólares no Brasil e, assim, reduzindo a pressão sobre o preço da divisa –mesmo que seja um movimento apenas de curto prazo, segundo analistas.

    Nesta quarta-feira, o BC deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em agosto –operação que equivale a uma venda futura de dólares para estender o prazo de contratos. A oferta de 6 mil papéis foi integralmente vendida, por US$ 292 milhões. Nos primeiros leilões deste mês, haviam sido ofertados até 7,1 mil swaps.

    Mantendo a oferta de até 6 mil contratos por dia até o penúltimo dia útil do mês, o BC rolará o equivalente a US$ 6,396 bilhões ao todo, ou cerca de 60% do lote total. Se continuasse com as ofertas anteriores, a rolagem seria de 70%, como a do mês anterior.

    BOLSA EM QUEDA

    No mercado acionário, o principal índice da Bolsa brasileira acompanha a queda dos mercados de ações nos Estados Unidos e opera no vermelho nesta quarta-feira. A desvalorização de bancos, Petrobras e Vale sustentava a perda do indicador.

    Às 16h07, o Ibovespa cedia 1,12%, para 51.757 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 4 bilhões. As ações preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) da Petrobras e da Vale recuavam 1,78% e 3,43%, respectivamente, para R$ 11,57 e R$ 14,63.

    Entre os bancos, setor com a maior representatividade dentro do Ibovespa, operavam no vermelho o Itaú Unibanco (-1,26%), o Bradesco (-1,47%), o Santander (-1,20%). O Banco do Brasil tinha baixa de 1,28%, a R$ 23,12.

    Além do quadro chinês, a crise grega segue sendo monitorada pelo mercado. O governo da Grécia apresentou formalmente o pedido de um terceiro pacote de resgate pelo Mecanismo de Estabilidade Europeu nesta quarta, que terá de ser complementado com uma proposta detalhada de reformas da economia do país, a ser apresentada em no máximo dois dias.

    Com agências de notícias

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