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    Com crise do petróleo, Rio lidera perda de empregos e elimina 37 mil vagas

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    18/07/2015 02h00

    Ricardo Borges/Folhapress
    A atendente Marcele Cristina, 21, na fila do seguro desemprego, no Rio
    A atendente Marcele Cristina, 21, na fila do seguro desemprego, no Rio

    A um ano dos Jogos Olímpicos, o mercado de trabalho do Rio de Janeiro está longe do aquecimento previsto para uma cidade que se prepara para receber o maior evento esportivo do mundo.

    De mais de 5.000 municípios no país acompanhados pelo Caged (Cadastro Geral de Emprego), do Ministério do Trabalho, a capital fluminense é a que mais fechou empregos formais no ano.

    Foram 36,6 mil empregos líquidos fechados (contratações menos demissões) no primeiro semestre.

    O número supera os cortes das capitais brasileira como Belo Horizonte (26,6 mil) e São Paulo (31,3 mil) no acumulado do ano.

    No mesmo período do ano passado, a economia do Rio tinha gerado 12 mil vagas de emprego de forma líquida.

    Somente em junho, a cidade perdeu 2.554 empregos formais. Neste caso, a capital paulista teve isoladamente muito mais cortes no mês (15.130), liderando as demissões no país no mês passado.

    FATOR PETRÓLEO

    Especialistas culpam o mau momento da atividade econômica do Brasil pelos problemas no mercado de trabalho. Mas o Rio tem um fator adicional: a crise da indústria do petróleo.

    O setor enfrenta uma série de dificuldades, como a queda do preço do barril de petróleo, a má situação financeira da Petrobras e o desenrolar da operação Lava Jato.

    As demissões na cidade no primeiro semestre ocorreram, por exemplo, nas áreas de construção e manutenção de embarcações (3.500), exploração e produção de petróleo (279) e produção de biocombustíveis (183).

    As demissões provocadas pela atividade podem ser ainda maiores se contabilizados empregos indiretos, como nos cortes em serviços (14 mil) no ano.

    "As demissões do setor de serviços foram maiores no Rio, principalmente no começo do ano. É provável que o setor de petróleo responda por parte disso", disse o professor da UFRJ Mauro Osório.

    Somente o Estaleiro Inhaúma reduziu de 8.000 para 3.000 o número de trabalhadores nos últimos seis meses, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio.

    'SEM SAÍDA'

    O metalúrgico Cleiton Freitas da Cruz, 36 anos, perdeu o emprego no estaleiro Rio Nave, na área central do Rio. Ele não consegue emprego em outras empresas do ramo.

    "Para onde a gente tenta correr, não consegue [vaga]. Comperj em crise, Reduc em crise, e setor naval não está bem, com o Inhaúma.", disse o metalúrgico.

    Procurado, o grupo Enseada, dono do Inhaúma, não comentou as demissões.

    O setor que mais demitiu na cidade, contudo, foi o comércio. Os cortes somaram 15 mil de janeiro a maio deste ano. É o pior desempenho do setor no país.

    Segundo Aldo Gonçalves, presidente do Sindicato dos Lojistas do Rio, o resultado é influenciado pelo aumento de custos do comércio e menor consumo das famílias.

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